quarta-feira, 19 de abril de 2017

Vacinação contra Gripe 2017




É imprescindível falar sobre esse assunto todos os anos, mesmo que considerado corriqueiro, mas que ainda gera ansiedade, dúvida e medo.
Este ano a Campanha de Vacinação Nacional contra a Gripe conta com um diferencial, que é a  inclusão dos professores da rede pública e privada como parte do público alvo, com direito a receber a imunização gratuitamente no SUS. A campanha vai até 26 de maio e o dia de mobilização nacional está marcado para o dia 13.
Em 2016, houve aumento do número de casos,  com 12.174 casos confirmados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza no país. A SRAG é uma complicação da gripe. Houve ainda 2.220 mortes, número alto em comparação a anos anteriores. Do total de óbitos, a maioria (1.982) foi por influenza A/H1N1. Este foi o maior número de mortes por H1N1 desde a pandemia de 2009, quando 2.060 pessoas morreram em decorrência do vírus no Brasil.
Em 2017, já foram registrados 276 casos e 48 mortes no país.

Uma questão de extrema importância e que deve ser levada em consideração é em relação à vacinação de uma faixa etária um pouco mais ampla. Os chamados adultos jovens (entre 40 e 50 anos) com doenças crônicas vêm sendo os mais atingidos pela doença. Seja por falta de informação ou por qualquer outro motivo, indivíduos portadores de doenças como HIV, diabetes, lúpus, cardiopatias, obesidade mórbida e problemas pulmonares, acabam não sabendo que devem se vacinar e ficam expostos. 
Prevenção
Antes mesmo de os sintomas aparecerem, os indivíduos contaminados já estão transmitindo os vírus. Tosse e espirro são formas eficazes de o vírus se propagar, pois nesses momentos partículas que contêm o vírus podem percorrer cinco metros de distância a uma velocidade de 150km por hora. Porém, a transmissão também pode se dar simplesmente ao falar perto de uma pessoa, de uma distância de até 2 metros. Atenção: máscaras comuns não barram as micropartículas.
Portanto, além da imunização (redes privadas estão cobrando cerca de R$170 a dose), é de extrema importância lavar frequentemente as mãos, utilizar lenços e colocar a mão na boca ao tossir e espirrar. Procure assistência médica ao perceber os primeiros sinais de febre alta, acima de 38º, 39º (tenha sempre um termômetro em casa), dor muscular, de cabeça, de garganta ou nas articulações.

A gripe H1N1, ou influenza A, é provocada pelo vírus H1N1, um subtipo do influenza vírus do tipo A. Ele é resultado da combinação de segmentos genéticos do vírus humano da gripe, do vírus da gripe aviária e do vírus da gripe suína, que infectaram porcos simultaneamente.
O período de incubação varia de 3 a 5 dias. A transmissão pode ocorrer antes de aparecerem os sintomas. Ela se dá pelo contato direto com os animais ou com objetos contaminados e de pessoa para pessoa, por via aérea ou por meio de partículas de saliva e de secreções das vias respiratórias. Experiências recentes indicam que esse vírus não é tão agressivo quanto se imaginava.
Segundo a OMS e o CDC (Center for Deseases Control), um centro de controle de enfermidades, nos Estados Unidos, não há risco de esse vírus ser transmitido através da ingestão de carne de porco, porque ele será eliminado durante o cozimento em temperatura elevada (71º Celsius).

Sintomas
Os sintomas da gripe H1N1 são semelhantes aos causados pelos vírus de outras gripes. No entanto, requer cuidados especiais a pessoa que apresentar febre alta, acima de 38º, 39º, de início repentino, dor muscular, de cabeça, de garganta e nas articulações, irritação nos olhos, tosse, coriza, cansaço e inapetência. Em alguns casos, também podem ocorrer vômitos e diarreia.
Diagnóstico
Existem testes laboratoriais rápidos que revelam se a pessoa foi infectada por algum vírus da gripe. No caso do H1N1, como se trata de uma cepa nova, o resultado pode demorar mais tempo. No entanto, nos Estados Unidos, já foram desenvolvidos “kits” para diagnóstico, que aceleram o processo de identificação do H1N1.
Vacina
A vacina contra a influenza tipo A é feita com o vírus (H1N1) da doença inativo e fracionado. Os efeitos colaterais são insignificantes se comparados com os benefícios que pode trazer na prevenção de uma doença sujeita a complicações graves.
Existem duas vacinas que protegem contra a infecção pelo H1N1: a trivalente,  que imuniza contra dois vírus da influenza A e contra uma cepa do vírus da influenza B,  e a vacina tetravalente (ou quadrivalente) que, além desses vírus imuniza contra uma segunda cepa do vírus da influeza B, menos frequente no Brasil e que só deve ser usada a partir dos três anos de idade.
A vacina de Influenza trivalente de 2017 contém os seguintes vírus: Influenza A (H1N1), subtipo Michigan/45/2015, Influenza A (H3N2), subtipo Hong Kong/4801/2014, e o Influenza B, subtipo Brisbane/60/2008
Já a vacina de Influenza tetravalente contém, além dessas três cepas, o vírus Influenza B, subtipo Phuket/3073/2013.
Os dois tipos de vacina são eficazes, mas levam de duas a três semanas para fazer efeito. Embora não ofereçam 100% de proteção, estão perto disso.
Idosos acima de 60 anos, gestantes, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão, diabetes, asma, bronquite, insuficiência renal, obesidade grau 3, por exemplo), imunossuprimidos e transplantados,  crianças entre seis meses e cinco anos, profissionais da saúde, professores do ensino básico e superior da rede publica e privada, população indígena, presidiários constituem o grupo prioritário para vacinação.
A vacina é contraindicada para as pessoas com alergia grave a ovo, pois pode conter ovoalbumina, uma proteína do ovo responsável por reações alérgicas. Isso acontece porque existe uma etapa, durante o processo de produção da vacina, que os vírus crescem em ovos de galinha.
Tratamento
É de extrema importância evitar a automedicação. O uso dos remédios sem orientação médica pode facilitar o aparecimento de cepas resistentes aos medicamentos. Os princípios ativos fosfato de oseltamivir e zanamivir, presentes em alguns antigripais (Tamiflu e Relenza) e já utilizados no tratamento da gripe aviária, têm-se mostrado eficazes contra o vírus H1N1, especialmente se ministrados nas primeiras 48 horas, que se seguem ao aparecimento dos sintomas.
Recomendações
Para proteger-se contra a infecção ou evitar a transmissão do vírus, o Center Deseases Control (CDC) recomenda:
* Lavar frequentemente as mãos com bastante água e sabão ou desinfetá-las com produtos à base de álcool;
* Jogar fora os lenços descartáveis usados para cobrir a boca e o nariz, ao tossir ou espirrar;
* Evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes;
* Não levar as mãos aos olhos, boca ou nariz depois de ter tocado em objetos de uso coletivo;
* Não compartilhar copos, talheres ou objetos de uso pessoal;
* Suspender, na medida do possível, as viagens para os lugares onde haja casos da doença;
* Procurar assistência médica, se o doente pertence a um grupo de risco e se surgirem sintomas que possam ser confundidos com os da infecção pelo vírus H1N1 da influenza tipo A. Nos outros casos, permanecer em repouso e tomar bastante líquido para garantir a boa hidratação.
Diferença entre gripe e resfriado:


Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia

Especialista em Cuidados Paliativos pela Associação Médica Brasileira

segunda-feira, 3 de abril de 2017

ALERGIA ALIMENTAR



Uma pequena porcentagem de crianças apresenta alergia a determinados alimentos. Os principais são:
- leite (o mais comum)
- ovo
- peixe
- soja
- trigo
- amendoim e castanhas
- frutos do mar.
            Há diversos sintomas que podem aparecer nestes casos, como:
- cólica
- chiado
- tosse crônica
- infecções de ouvido (otite média)
- alergia de pele (urticária e dermatite atópica)
- anemia por deficiência de ferro
- sangue nas fezes
- constipação
- diarréia
- vômitos
- regurgitações frequentes.

            Após o diagnóstico da alergia, a conduta é retirar o alimento da dieta da criança, sob orientação do médico e do nutricionista, para que a dieta mantenha-se balanceada e com todos os nutrientes necessários à manutenção da saúde.
           
Importante também é conhecer os sinônimos destes alimentos e de suas fontes ocultas, para não haver ingestão acidental do alimento causador da alergia. Portanto, ler os rótulos das embalagens é fundamental.

No caso do leite de vaca, os termos relacionados encontrados em alguns rótulos são: caseína, caseinato, lactose, lactoglobulina, lactoalbumina, proteína hidrolisada, etc. E as fontes ocultas de leite são: balas, bolachas, cereais matinais, chocolates, manteiga, margarina, creme de leite, molhos cremosos, pães, purês e sopas.


Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra pela SBP

CRM: 104.671           

terça-feira, 21 de março de 2017

VARIZES



Varizes são veias dilatadas, tortuosas e de calibre aumentado, que podem aparecer em diversas regiões do corpo. O mais comum é ocorrerem nos membros inferiores. Muito mais do que um problema estético, na verdade, elas indicam que algo não vai bem na circulação do sangue venoso pelo organismo.

Em sentido contrário ao da gravidade, as veias das pernas são responsáveis por levar o sangue que circulou pelo corpo de volta para o coração e dali para os pulmões, onde se dá a troca de gás carbônico por oxigênio. Para que possam exercer essa função, dentro delas existem pequenas válvulas que regulam o direcionamento do fluxo sanguíneo. Elas abrem para o sangue subir e fecham para impedir que desça, quando a pessoa fica em pé.

Sob determinadas condições, porém, essas válvulas se desgastam. Como não fecham mais direito, deixam escapar parte do sangue que deveria voltar para o coração. Desta maneira a pressão nas veias das pernas aumenta e elas dilatam e deformam por causa do sangue acumulado dentro delas.
Varizes constituem um problema crônico, que pode surgir em qualquer idade.
Fatores de risco que não podem ser mudados
Não temos como interferir em algumas condições que favorecem o aparecimento de varizes:
1.    Predisposição genética – pessoas com história familiar da doença devem preocupar-se com a prevenção dos problemas circulatórios desse cedo e adotar medidas que ajudem, pelo menos, a retardar o processo;
2.    Idade – à medida que as pessoas envelhecem, as veias vão perdendo a elasticidade e o sistema de válvulas enfraquece, o que dificulta o retorno do sangue venoso para o coração e os pulmões e favorece o aparecimento das deformações características das varizes;
3.    Sexo – as mulheres estão mais sujeitas a desenvolver varizes. Alterações hormonais durante a gravidez, menstruação e menopausa, assim como o uso de pílulas anticoncepcionais e a reposição hormonal são fatores de risco, porque os hormônios femininos, estrogênio e progesterona, agem sobre a parede dos vasos, diminuem sua resistência e comprometem o funcionamento das válvulas que regulam a passagem do sangue.




Fatores de risco que podem ser mudados
1.    Sedentarismo – a atividade física é fundamental na prevenção e tratamento das varizes. Praticar exercícios estimula o sistema circulatório como um todo e facilita o retorno do sangue para o coração;
2.    Imobilidade – quando, por exigência profissional ou nas viagens longas, por exemplo, a pessoa é obrigada a permanecer sentada ou em pé por muito tempo, na mesma posição, qualquer exercício que facilite a contração e relaxamento da panturrilha ajuda a bombear o sangue de volta para o coração. Um exemplo é a flexão dorsal do pé, que consiste em erguer os dedos dos pés, aproximando-os o mais possível da face anterior do tornozelo. O outro é tentar sempre caminhar alguns passos para estimular a musculatura da batata das pernas. Meias elásticas, desde que possuam a compressão adequada para o tipo de perna, também favorecem o bombeamento de sangue para o coração e colaboram para sua circulação no interior das veias;
3.    Obesidade – o sobrepeso e as complicações associadas (pressão alta e diabetes são duas delas) representam sobrecarga para o sistema circulatório e aumentam o risco de desenvolver varizes, uma vez que a gordura acumulada no abdômen faz subir a pressão sobre os vasos e dificulta o fluxo normal do sangue, que vai criando bolsões nas veias das pernas. Alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos são medidas fundamentais para diminuir o risco que o excesso de peso representa;
4.    Tabagismo – as substâncias que entram na composição do cigarro deixam o sangue mais viscoso, o que dificulta a circulação e favorece seu acúmulo nas veias das pernas. Largar o cigarro é uma medida de que não só as pernas, mas todo o organismo se beneficia;
5.    Salto alto – é um tema controverso. Alguns estudiosos do assunto garantem que não oferecem risco maior. O fato é que o uso rotineiro de saltos muito altos e finos pode manter a musculatura da perna por muito tempo contraída, obstáculo que torna mais difícil o retorno do sangue venoso e permite que parte dele fique retida nas veias das pernas e dos pés.

Prevenir o aparecimento de varizes exige mudanças permanentes no estilo de vida. O fato de já ter retirado uma veia doente não impede que as lesões apareçam em outra veia dos membros inferiores. Portanto, a recomendação é não desconsiderar os primeiros sinais da doença.

Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925

Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia

quarta-feira, 1 de março de 2017

Sinusite


A sinusite pode ser definida como uma inflamação da camada mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios paranasais (“seios da face”), podendo ou não ter uma infecção associada. Em muitas vezes há também rinite acompanhando o quadro.
A classificação da sinusite é feita de acordo com a duração e frequência do processo:
  • Sinusite aguda: dura até 4 semanas. Na grande maioria dos casos, melhora com o tratamento clínico adequado, raramente necessitando de outros tratamentos.
  • Sinusite subaguda: é a continuação de uma sinusite aguda em que não houve a cura.
    Os sintomas se mantém após a 4ª semana, podendo durar até 12 semanas, mesmo que tenham sido tratados na fase aguda.
  • Sinusite recorrente: definida por 3 ou mais episódios de sinusite aguda em 1 ano.
  • Sinusite crônica: caracteriza-se pela persistência dos sinais e sintomas por mais de 12 semanas (3 meses). As alterações inflamatórias tornam-se persistentes, e quanto mais tempo estiver presente o processo infeccioso, maiores as possibilidades de que se tornem irreversíveis.
  • Sinusite complicada: inflamação que se estende além dos seios paranasais, podendo ocorrer uma complicação importante, como meningite.
Clinicamente, a sinusite pode aparecer com alguns destes sintomas: dor de cabeça, dor ou pressão na face, obstrução ou congestão nasal, secreção nasal, diminuição do olfato, febre, mau hálito e tosse.
O diagnóstico normalmente é clínico, ou seja, pelos sintomas. A importância do raio-X simples é controverso e discutível no diagnóstico, podendo ser solicitado quando existe dúvida. A tomografia computadorizada está indicada nas sinusites crônicas, recorrentes ou complicadas, ou quando há indicação cirúrgica.
São sinais de alerta para as complicações da sinusite: piora importante dos sintomas após 72h de uso de antibiótico adequado, surgimento de inchaço palpebral, dor de cabeça intensa com irritabilidade e alterações visuais.
Os fatores que predispõem sinusite são: resfriado, gripe, rinite alérgica ou não-alérgica, alterações estruturais do nariz e aumento de adenóides.
As sinusites virais, que apresentam sintomas leves e melhora espontânea, não necessitam de tratamento medicamentoso. Já as bacterianas, precisam de antibióticos.
O uso de soro fisiológico nasal pode auxiliar no tratamento da sinusite aguda ou crônica.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra pela SBP
CRM: 104.671

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

DESAFIOS DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL – CUIDADO E CIDADANIA



Nosso país envelhece a passos largos. Em 2011, a população idosa brasileira era de 20,5 milhões (10,8% da população total), e em 2020, as projeções indicam que a população idosa brasileira será de 30,9 milhões (14% da população total). Esse envelhecimento acelerado vem gerando demandas sociais que necessitam de respostas políticas adequadas do estado e da sociedade. Dentre os inúmeros desafios a serem enfrentados está a questão do cuidado. As políticas públicas de amparo aos idosos, consideram a família, o estado e a sociedade igualmente responsáveis pelo cuidado. Na prática, o mesmo tem sido visto como uma questão privada e não pública, cabendo, sobretudo, à família, materializada na figura da mulher, a tarefa de cuidar dos idosos.
Por motivos vários, entre eles, a redução de custo da assistência hospitalar e institucional aos idosos, considerados dependentes, a tendência, hoje, é a de indicar a permanência dos mesmos em suas casas sob os cuidados de sua família. No entanto, essa recomendação não leva em consideração as mudanças ocorridas na sociedade brasileira, sobretudo em relação à configuração da estrutura familiar. Parte de um modelo estável de família nuclear e do pressuposto de que qualquer família pode contar com a disponibilidade de um de seus membros para assistir às necessidades dos idosos dependentes. Além da necessidade de se conhecer a estrutura familiar, delegar à família a função de cuidar de idosos requer estabelecer o tipo de cuidado a ser executado, o tempo necessário, as características da fragilidade do idoso, o tipo de apoio institucional e de acompanhamento profissional.
Outra questão relevante, um fenômeno, que pouco ou nunca aparece nas estatísticas oficiais, é número de idosos que cuidam de idosos, sem amparo dos filhos ou do Estado. Essa parcela da população, que precisa cuidar quando deveria ser cuidada, ainda não foi contabilizada pelo governo – cerca de 23,8% dos idosos vivem apenas com o cônjuge, mas não se sabe sua condição de saúde. A literatura médica, já começa a se preocupar com o problema, devido `as implicações sociais e médicas. 
Um cuidador familiar (pessoa responsável por cuidar do membro da família que perdeu sua independência funcional, em geral o pai ou avô idoso) tem até duas vezes mais chances de desenvolver doenças. O risco aumenta para quatro vezes o normal quando o cuidador é cônjuge, e a mortalidade é 63% maior nesse grupo, de acordo com estudo da Organização Mundial da Saúde.
Além de enfrentarem mais dificuldades para cuidar, idosos que cuidam também tendem a descuidar da saúde. Embora tenham mais contato com profissionais de saúde por acompanharem o cônjuge nas consultas médicas, em casa tendem a descuidar de horários da própria medicação e de hábitos que promovem o bem-estar.
A família é a principal responsável pelo idoso, antes mesmo do Estado. Isso está no Estatuto do Idoso, e é preciso haver essa conscientização.
Em casos de famílias com dois ou mais filhos, um conselho seria que esses se dividam para que ninguém se sobrecarregue – tanto emocional quanto financeiramente. Nas situações em que há apenas um filho, ou o casal não teve filhos, o Estado tem a obrigação de ser mais atuante. Caso o filho não tenha condições de cuidar sozinho dos pais, deve procurar a ajuda do sistema público de saúde e até de voluntários, que são recrutados por igrejas. Se o casal não tem filhos ou parentes, pode igualmente solicitar essa ajuda e, em casos de omissão do poder público, pode interceder junto ao Ministério Público Estadual ou ao Conselho Estadual do Idoso (Cedi).
Hoje, as famílias, carecem de apoio institucional para oferecerem condições favoráveis para que os idosos tenham uma assistência à altura do merecido. E, provavelmente, essa situação tenderá a piorar enquanto o cuidado aos idosos não for considerado uma questão pública, de responsabilidade não apenas das famílias, mas também do Estado e da sociedade como um todo.
Assim sendo, tanto os cuidados (idosos) quanto os cuidadores (familiares) deverão ser objeto de políticas e programas de saúde pública em parceria com inúmeras outras políticas públicas. É fundamental que o Estado brasileiro garanta uma infraestrutura de serviços em vários âmbitos de atuação das políticas públicas, favorecendo a todo um conjunto de medidas que possam garantir o bem estar dos idosos e o exercício de sua cidadania.

Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia

Especialista em Cuidados Paliativos pela Associação Médica Brasileira

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

FEBRE AMARELA



Atualmente temos vivido uma preocupação nacional devido aos surtos ocorridos em várias cidades e estados do nosso país. Portanto, nada mais importante do que esclarecer algumas dúvidas sobre esta doença.
            A febre amarela é uma doença causada por um vírus: o Arbovírus, do gênero Flavivirus.
Este vírus é transmitido pela picada de dois tipos principais de mosquito:
- o Aedes aegypti (o mesmo que transmite os vírus da dengue, chikungunya e zika!) – responsável pela forma urbana da doença; ou seja, ocorre nas cidades e somente os humanos são os acometidos.
- o Haemagogus janthinomys - responsável pela forma silvestre da doença. Neste caso, como os mosquitos se localizam nas florestas, picam principalmente macacos, e os humanos  são picados acidentalmente.
            Após a picada do mosquito infectado pelo vírus, a doença pode demorar de 3 a 6 dias para mostrar os sintomas da infecção, que pode ser desde leve até grave, ou mesmo fatal.
            Nos casos leves pode haver febre, dor no corpo, dor de cabeça, náuseas e batimentos cardíacos lentos. Estes sintomas costumam durar cerca de 1 a 3 dias, desaparecendo sem tratamento.
            Já nos casos graves, após ocorrerem os sintomas descritos acima, ao invés de haver cura, há aumento da febre (crianças pequenas podem ter convulsão febril), diarréia, acometimento do fígado (causando vômito com sangue, sangramento nasal e pele amarelada ou icterícia), acometimento dos rins (diminuição da urina) e confusão mental ou até coma. Alguns casos chegam a óbito.
            O diagnóstico da doença é feito:
- pelos sintomas;
- pela localização geográfica: as regiões Norte e Centro-Oeste, os estados do Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, e parte dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina são as principais;
- por exames: através de amostra de sangue do paciente, onde o vírus será isolado ou por sorologia.
            Não há tratamento específico contra o vírus; é feito tratamento dos sintomas e nos casos graves é necessário hospitalização.
Para a prevenção da doença, a vacinação é a medida mais importante, sendo feita somente conforme a recomendação do Ministério da saúde e da Sociedade Brasileira de Infectologia para moradores de zonas endêmicas ou de risco, e também em pessoas que viajam (fazer 10 dias antes) para os locais endêmicos:
- de 9 meses a 4 anos: 1 dose aos 9 meses, e 1 reforço aos 4 anos.
- para maiores de 5 anos: 1 dose e 1 reforço em 10 anos.
            Medidas para conter a multiplicação dos mosquitos são de extrema importância e estão ao alcance de todos nós, assim como o uso de repelentes.



Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra pela SBP

CRM: 104.671

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Mais que envelhecer



Lidar com a inexorabilidade do processo de envelhecer exige uma habilidade na qual nos tornamos especialistas ao longo da história da humanidade: a adaptação. 

A ideia de envelhecer nos aflige hoje muito mais do que afligia nossos antepassados. No início do século passado, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não passava dos 40 anos.
A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de varíola, malária, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populações inteiras. Um mundo devastado devastado por guerras, enfermidades infecciosas, dores sem analgesia. Qual sentido haveria em pensar na velhice, já que probabilidade de morrer jovem era tão alta? Seria como se hoje, a vida aos cem anos de idade, nos preocupasse, sabendo que poucos chegarão lá.

Quem está vivo hoje tem expectativa de passar dos 80 anos. E para tal, precisaremos de muita sabedoria para aceitarmos tantas mudanças. Mas envelhecer não pode ser encarado como sinônimo de decadência física para aqueles que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam atentos às transformações do mundo.

A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é cultuado pelas sociedades ocidentais, direcionando aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltando-se a estética, costumes e padrões de comportamento característicos dessa faixa etária, causando o efeito perverso de insinuar que o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.

Considerar que a vida começa a declinar a partir do fim da juventude é torná-la uma experiência medíocre. Pensar após os 70 anos, que a melhor fase da vida foi dos 15 aos 25 anos, é não considerar nossa capacidade de editar nossas memórias, e remeter ao esquecimento as experiências traumáticas,  as inseguranças, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas que fizemos nessa época.
  
Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das diferenças, do contraditório e nos proporciona viver experiências com as quais nem sonhávamos anteriormente. 

Aproveitemos mais um ano para viver! Feliz 2017!

Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925

Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia