E Se você fosse diagnosticado com
Doença de Parkinson agora, como reagiria? 11 de abril, é o Dia Mundial de
Conscientização da Doença de Parkinson, e informar-se sobre essa e outras
doenças comuns à sociedade pode ser fundamental para a busca de ajuda médica no
tempo adequado e para a realização de um tratamento responsável.
O Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson foi estabelecido
pela Organização Mundial de Saúde, em 1998, e tem como objetivo esclarecer a
doença e as possibilidades de tratamento para que o paciente e sua família
tenham uma melhor qualidade de vida. O quadro foi identificado pela primeira
vez, em 1817, por James Parkinson, que descreveu os principais sintomas da
doença publicados no Ensaio sobre a Paralisia Agitante.
A Doença de Parkinson é caracterizada basicamente por tremor de repouso,
tremor nas extremidades, instabilidade postural, rigidez de articulações e
lentidão nos movimentos. Há também outros sintomas não motores, como a
diminuição do olfato, distúrbios do sono, alteração do ritmo intestinal e
depressão.
A
micrografia, ou seja, a redução do volume da letra, do tamanho da caligrafia, é
um dos principais sintomas da doença de Parkinson. Ela decorre do segundo principal sintoma da doença de Parkinson: a acinesia.
Essa palavra vem do grego e significa ausência, falta ou pobreza de movimentos
físicos.
Por um distúrbio bioquímico, no parkinsoniano alguns circuitos motores
passam a trabalhar de forma mais lenta e não conseguem acompanhar o ritmo da
pessoa normal. Pacientes com Parkinson perdem a amplitude do movimento, a
extensão de cada gesto. Isso vale também para a escrita.
São
os familiares que percebem primeiro os sintomas. O tremor nem tanto, mas a
lentidão ou pobreza dos movimentos é a família que nota antes. Às vezes, a
pessoa está andando ou, no caso de um atleta, correndo e mexe mais um braço do
que o outro, contrariando o movimento de balanço automático próprio dos braços
durante a marcha. Como Parkinson é uma doença que começa geralmente em um lado
do corpo e só depois passa para o outro, é comum familiares e amigos notarem
que o paciente balança só um dos braços e deixa o outro imóvel durante a
caminhada ou a corrida.
Existem dentro do tronco encefálico, região posterior do cérebro, dois
pequenos núcleos muito segmentados, do tamanho de um caroço de azeitona,
chamados de substância negra. Há décadas se conhece essa substância, que contém
muita melanina – o mesmo pigmento que escurece a pele -, mas não se sabia
direito qual era sua função.
No começo do século XX, um cientista percebeu que nos pacientes com
Parkinson a substância negra se encontrava atrófica. Ficava com pigmentação
mais clara e esmaecida, pois perdia a cor natural, quase preta dada pela
melanina. Pondo algumas dessas células no microscópio, pôde verificar que elas
estavam passando por um processo de degeneração. Embora essa tenha sido a
primeira observação científica sobre o mecanismo da doença de Parkinson, não se
sabia ainda qual era a função dessas células. Foram necessários mais 40 anos
para concluir que elas fabricam dopamina, uma substância química que funciona
como neurotransmissor.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente
1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença. No Brasil,
estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema.
O início da doença é imperceptível, tanto que nem o paciente
nem os familiares conseguem dizer exatamente quando surgiram os primeiros
sinais. Em geral, o que chama primeiro a atenção é um tremor leve e/ou uma
perda do balanço de um dos braços durante a marcha. É importante ressaltar que,
no começo, os sintomas não são simétricos. Quase sempre ocorrem num só lado do
corpo e, com o decorrer dos meses, às vezes dos anos, atingem o outro lado.
Há 30 anos, quando a levedopa não estava disponível, os
médicos assistiam à inexorável progressão da doença. Atualmente, isso não mais
acontece porque os pacientes são tratados e podem permanecer dez, quinze, vinte
anos com a doença controlada, levando vida social ativa e alguns mantendo até a
atividade profissional. Além disso, a sobrevida dos parkinsonianos aumentou
muito e está se aproximando do índice de sobrevida das pessoas sem a doença.
A cura ainda não foi alcançada, mas há estudos em nível experimental
sobre outras alternativas de tratamento. A escolha do medicamento mais adequado
deverá levar em consideração fatores como estágio da doença, a sintomatologia
presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em
uso e seu custo. Os medicamentos para Parkinson são disponibilizados
gratuitamente pelo SUS através do Programa de Medicamentos Excepcionais.
Pacientes com incapacidade funcional causada pelos sintomas
parkinsonianos também podem se beneficiar de programas terapêuticos de reabilitação,
envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e suporte
psicológico e familiar, buscando evitar e/ou retardar a perda de suas
funcionalidade e habilidades motoras.
Dra
Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade
Brasileira de Geriatria de Gerontologia
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