sexta-feira, 15 de abril de 2016

DOENÇA DE PARKINSON




E Se você fosse diagnosticado com Doença de Parkinson agora, como reagiria? 11 de abril, é o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, e informar-se sobre essa e outras doenças comuns à sociedade pode ser fundamental para a busca de ajuda médica no tempo adequado e para a realização de um tratamento responsável.
O Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson foi estabelecido pela Organização Mundial de Saúde, em 1998, e tem como objetivo esclarecer a doença e as possibilidades de tratamento para que o paciente e sua família tenham uma melhor qualidade de vida. O quadro foi identificado pela primeira vez, em 1817, por James Parkinson, que descreveu os principais sintomas da doença publicados no Ensaio sobre a Paralisia Agitante.
A Doença de Parkinson é caracterizada basicamente por tremor de repouso, tremor nas extremidades, instabilidade postural, rigidez de articulações e lentidão nos movimentos. Há também outros sintomas não motores, como a diminuição do olfato, distúrbios do sono, alteração do ritmo intestinal e depressão.
A micrografia, ou seja, a redução do volume da letra, do tamanho da caligrafia, é um dos principais sintomas da doença de Parkinson. Ela decorre do segundo principal sintoma da doença de Parkinson: a acinesia. Essa palavra vem do grego e significa ausência, falta ou pobreza de movimentos físicos.
Por um distúrbio bioquímico, no parkinsoniano alguns circuitos motores passam a trabalhar de forma mais lenta e não conseguem acompanhar o ritmo da pessoa normal. Pacientes com Parkinson perdem a amplitude do movimento, a extensão de cada gesto. Isso vale também para a escrita.
São os familiares que percebem primeiro os sintomas. O tremor nem tanto, mas a lentidão ou pobreza dos movimentos é a família que nota antes. Às vezes, a pessoa está andando ou, no caso de um atleta, correndo e mexe mais um braço do que o outro, contrariando o movimento de balanço automático próprio dos braços durante a marcha. Como Parkinson é uma doença que começa geralmente em um lado do corpo e só depois passa para o outro, é comum familiares e amigos notarem que o paciente balança só um dos braços e deixa o outro imóvel durante a caminhada ou a corrida.

Existem dentro do tronco encefálico, região posterior do cérebro, dois pequenos núcleos muito segmentados, do tamanho de um caroço de azeitona, chamados de substância negra. Há décadas se conhece essa substância, que contém muita melanina – o mesmo pigmento que escurece a pele -, mas não se sabia direito qual era sua função.
No começo do século XX, um cientista percebeu que nos pacientes com Parkinson a substância negra se encontrava atrófica. Ficava com pigmentação mais clara e esmaecida, pois perdia a cor natural, quase preta dada pela melanina. Pondo algumas dessas células no microscópio, pôde verificar que elas estavam passando por um processo de degeneração. Embora essa tenha sido a primeira observação científica sobre o mecanismo da doença de Parkinson, não se sabia ainda qual era a função dessas células. Foram necessários mais 40 anos para concluir que elas fabricam dopamina, uma substância química que funciona como neurotransmissor.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema.

O início da doença é imperceptível, tanto que nem o paciente nem os familiares conseguem dizer exatamente quando surgiram os primeiros sinais. Em geral, o que chama primeiro a atenção é um tremor leve e/ou uma perda do balanço de um dos braços durante a marcha. É importante ressaltar que, no começo, os sintomas não são simétricos. Quase sempre ocorrem num só lado do corpo e, com o decorrer dos meses, às vezes dos anos, atingem o outro lado.
Há 30 anos, quando a levedopa não estava disponível, os médicos assistiam à inexorável progressão da doença. Atualmente, isso não mais acontece porque os pacientes são tratados e podem permanecer dez, quinze, vinte anos com a doença controlada, levando vida social ativa e alguns mantendo até a atividade profissional. Além disso, a sobrevida dos parkinsonianos aumentou muito e está se aproximando do índice de sobrevida das pessoas sem a doença.
A cura ainda não foi alcançada, mas há estudos em nível experimental sobre outras alternativas de tratamento. A escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como estágio da doença, a sintomatologia presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e seu custo. Os medicamentos para Parkinson são disponibilizados gratuitamente pelo SUS através do Programa de Medicamentos Excepcionais.

Pacientes com incapacidade funcional causada pelos sintomas parkinsonianos também podem se beneficiar de programas terapêuticos de reabilitação, envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e suporte psicológico e familiar, buscando evitar e/ou retardar a perda de suas funcionalidade e habilidades motoras.



Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia


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