segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Doença de Alzheimer




Doença de Alzheimer

Um dos motivos mais comuns que leva um indivíduo, idoso ou quase idoso, a procurar um geriatra hoje é o esquecimento. Esquecimento e envelhecimento está popularmente relacionado ao temido diagnóstico de Doença de Alzheimer. Mas será que apenas esquecimento é sinal da doença?
A doença de Alzheimer (DA) afeta milhões de pessoas em todo o mundo e é a forma mais comum de demência, respondendo por cerca de metade de todos os casos. Embora originalmente descrita como uma demência "pré-senil"  (significando que ela seria uma doença de pessoas que se aproximam dos 65 anos, mas não dos idosos em si), hoje é amplamente reconhecido que a doença de Alzheimer afeta principalmente pessoas idosas. Relativamente raros na idade de 65 anos, quando apenas 1,5% têm DA, a sua prevalência duplica a cada 4 ou 5 anos até picos de uma média de 30%  de pessoas afetadas na idade de 80 anos. 
Trata-se de uma forma irreversível de demência, caracterizada por uma perda adquirida e progressiva das faculdades mentais ou funções cognitivas, como a linguagem, a praxia (complexos movimentos com significados, como o marchar), reconhecimento de objetos, funções executivas (planejamento e de decisão) e, mais notavelmente , da memória. 
Prejuízo das funções cerebrais:
Essas perdas levam a dificuldades para executar tarefas mentais necessárias para a vida diária normal, e também a sintomas comportamentais e psiquiátricos da doença, causando uma grave incapacidade para a vida independente e, à medida em que a doença evolui, a última etapa ocorre um profundo comprometimento em quase todas as funções cerebrais, restringindo o paciente à cama. O tempo de progressão da doença varia muito entre os indivíduos. O intervalo de tempo entre o diagnóstico e a morte tem sido descrito de 5 a 14 anos. 
As causas:
A Doença de Alzheimer é caracterizada pela degeneração e perda de neurônios (células responsáveis pela transmissão nervosa) em áreas do cérebro envolvidas com funções cognitivas. Essa degeneração é lenta e difusa e, inicialmente, afeta as estruturas cerebrais ligadas à memória e aprendizado, caracterizando mais comumente um paciente com dificuldades de aprendizagem e com perda de memória recente (as memórias antigas são mais consolidadas). Os outros sintomas cognitivos e comportamentais tipicamente surgem depois de um longo curso da doença da doença. 
A perda neuronal na DA está relacionada ao acúmulo de estruturas proteicas anormais pelos neurônios, comprometendo seu funcionamento. Embora este processo tem sido descrito por muitos anos e ainda é estudado, a causa global da Doença de Alzheimer é desconhecida. Os fatores genéticos são significativos, tanto na forma incomum da doença; a de início precoce familiar e, nas formas comuns da doença. Entretanto não foi identificado nenhum gene que possa sozinho determinar a doença em uma pessoa. 
Diagnostico
O diagnóstico da DA é de exclusão. Uma vez que não temos exames seguros e precisos para realizar em caso de suspeita, o diagnóstico tem de ser feito através da demonstração de história e sintomas compatíveis com a Doença de Alzheimer e a ausência de outras causas de demência. As demências potencialmente reversíveis são de grande importância para identificar, uma vez que a remissão completa ou parcial pode ser obtida com o tratamento. 
Para se investigar a possibilidade da Doença de Alzheimer, o médico entrevista o paciente e seus familiares ou responsáveis, e faz testes congnitivos padronizados para avaliar a função mental. O paciente ainda sofre exame físico detalhado e dirigido para descartar outras causas de demência, além de vários exames, incluindo exames de sangue e uma imagem cerebral (tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética são os exames mais comumente disponíveis em nosso meio para tal fim). Uma vez demonstrado que o paciente preenche os critérios clínicos suficientes para a Doença de Alzheimer e não tem outra explicação possível para os sintomas, ele será classificado como portador de Doença de Alzheimer. Embora possa parecer que o diagnóstico da Doença de Alzheimer é muito impreciso, muitos estudos têm demonstrado que um médico bem treinado é capaz de identificar corretamente a DA em seu início, em quase todos os casos.
Tratamento:
Uma vez diagnosticada, a Doença de Alzheimer vai exigir uma grande dose de compreensão e conhecimento, habilidade e trabalho por parte dos cuidadores, que geralmente são membros da família - mais comumente o próprio cônjuge. A capacitação e informação dos cuidadores e familiares deve ser realizada por profissionais de saúde treinados nos diferentes tipos de cuidados que esta doença complexa exige, e assim conseguirem proporcionar o melhor cuidado com o mínimo de sofrimento. Profissionais ou organizações de familiares de portadores da doença de Alzheimer existem em muitos países e são uma boa fonte de conhecimento e partilha de experiências. Finalmente, um tratamento otimizado irá diminuir a incidência de complicações durante o curso da doença. 

Perspectivas:
Um grande progresso tem sido feito no tratamento da DA nas últimas décadas e hoje não só existem medicamentos para um controle efetivo dos problemas comportamentais, mas medicamentos específicos que podem interferir com o progresso da doença.
A Doença de Alzheimer ainda é irreversível e atualmente nenhuma cura pode ser esperada, mas atualmente é razoável esperar uma redução na taxa de progressão dos sintomas e em alguns casos, uma ligeira evolução da função cognitiva pode ser alcançada com o uso da medicação. Isto é particularmente verdadeiro quando o diagnóstico é obtido bem no início do curso da doença e o tratamento é iniciado imediatamente, o que reforça a importância do diagnóstico precoce.

Muitas linhas de pesquisa em diferentes países estão constantemente contribuindo com o conhecimento sobre a doença e novas perspectivas para o seu tratamento. Isto significa que possivelmente algumas opções de tratamento que são atualmente apenas experimentais possam ser em breve aprovadas para uso clínicos, com grandes perspectivas de um maior impacto sobre a doença do que aquilo que pode ser alcançado hoje.
 
Mas a descoberta da cura ou vacina ainda deverá demorar algumas décadas, o que beneficiará apenas os futuros portadores da doença.

Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia

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