Doença
de Alzheimer
Um dos motivos mais comuns
que leva um indivíduo, idoso ou quase idoso, a procurar um geriatra hoje é o
esquecimento. Esquecimento e envelhecimento está popularmente relacionado ao
temido diagnóstico de Doença de Alzheimer. Mas será que apenas esquecimento é
sinal da doença?
A doença de Alzheimer (DA) afeta
milhões de pessoas em todo o mundo e é a forma mais comum de demência,
respondendo por cerca de metade de todos os casos. Embora originalmente
descrita como uma demência "pré-senil" (significando que ela
seria uma doença de pessoas que se aproximam dos 65 anos, mas não dos idosos em
si), hoje é amplamente reconhecido que a doença de Alzheimer afeta
principalmente pessoas idosas. Relativamente raros na idade de 65 anos, quando
apenas 1,5% têm DA, a sua prevalência duplica a cada 4 ou 5 anos até picos
de uma média de 30% de pessoas afetadas na idade de 80 anos.
Trata-se de uma forma
irreversível de demência, caracterizada por uma perda adquirida e progressiva
das faculdades mentais ou funções cognitivas, como a linguagem, a praxia
(complexos movimentos com significados, como o marchar), reconhecimento de
objetos, funções executivas (planejamento e de decisão) e, mais notavelmente ,
da memória.
Prejuízo das funções cerebrais:
Essas perdas levam a dificuldades para executar
tarefas mentais necessárias para a vida diária normal, e também a sintomas
comportamentais e psiquiátricos da doença, causando uma grave incapacidade para
a vida independente e, à medida em que a doença evolui, a última etapa ocorre
um profundo comprometimento em quase todas as funções cerebrais, restringindo o
paciente à cama. O tempo de progressão da doença varia muito entre os
indivíduos. O intervalo de tempo entre o diagnóstico e a morte tem sido
descrito de 5 a 14 anos.
As causas:
A Doença de Alzheimer é caracterizada
pela degeneração e perda de neurônios (células responsáveis pela transmissão
nervosa) em áreas do cérebro envolvidas com funções cognitivas. Essa
degeneração é lenta e difusa e, inicialmente, afeta as estruturas
cerebrais ligadas à memória e aprendizado, caracterizando mais comumente um
paciente com dificuldades de aprendizagem e com perda de memória recente (as
memórias antigas são mais consolidadas). Os outros sintomas cognitivos e
comportamentais tipicamente surgem depois de um longo curso da doença da
doença.
A perda neuronal na DA está relacionada
ao acúmulo de estruturas proteicas anormais pelos neurônios, comprometendo seu
funcionamento. Embora este processo tem sido descrito por muitos anos e ainda é
estudado, a causa global da Doença de Alzheimer é desconhecida. Os fatores genéticos
são significativos, tanto na forma incomum da doença; a de início precoce
familiar e, nas formas comuns da doença. Entretanto não foi identificado nenhum
gene que possa sozinho determinar a doença em uma pessoa.
Diagnostico
O diagnóstico da DA é de exclusão. Uma
vez que não temos exames seguros e precisos para realizar em caso de
suspeita, o diagnóstico tem de ser feito através da demonstração de história e
sintomas compatíveis com a Doença de Alzheimer e a ausência de outras causas de
demência. As demências potencialmente reversíveis são de grande importância
para identificar, uma vez que a remissão completa ou parcial pode ser obtida
com o tratamento.
Para se investigar a possibilidade da
Doença de Alzheimer, o médico entrevista o paciente e seus familiares ou
responsáveis, e faz testes congnitivos padronizados para avaliar a função
mental. O paciente ainda sofre exame físico detalhado e dirigido para descartar
outras causas de demência, além de vários exames, incluindo exames de sangue e
uma imagem cerebral (tomografia computadorizada ou ressonância nuclear
magnética são os exames mais comumente disponíveis em nosso meio para tal fim).
Uma vez demonstrado que o paciente preenche os critérios clínicos suficientes
para a Doença de Alzheimer e não tem outra explicação possível para os
sintomas, ele será classificado como portador de Doença de Alzheimer. Embora
possa parecer que o diagnóstico da Doença de Alzheimer é muito impreciso,
muitos estudos têm demonstrado que um médico bem treinado é capaz de
identificar corretamente a DA em seu início, em quase todos os casos.
Tratamento:
Uma vez diagnosticada, a Doença de
Alzheimer vai exigir uma grande dose de compreensão e conhecimento, habilidade
e trabalho por parte dos cuidadores, que geralmente são membros da família -
mais comumente o próprio cônjuge. A capacitação e informação dos cuidadores e
familiares deve ser realizada por profissionais de saúde treinados nos diferentes
tipos de cuidados que esta doença complexa exige, e assim conseguirem
proporcionar o melhor cuidado com o mínimo de sofrimento. Profissionais ou
organizações de familiares de portadores da doença de Alzheimer existem em
muitos países e são uma boa fonte de conhecimento e partilha de experiências.
Finalmente, um tratamento otimizado irá diminuir a incidência de complicações
durante o curso da doença.
Perspectivas:
Um grande progresso tem sido feito no
tratamento da DA nas últimas décadas e hoje não só existem medicamentos para um
controle efetivo dos problemas comportamentais, mas medicamentos específicos
que podem interferir com o progresso da doença.
A Doença de Alzheimer ainda é irreversível e
atualmente nenhuma cura pode ser esperada, mas atualmente é razoável esperar
uma redução na taxa de progressão dos sintomas e em alguns casos, uma ligeira
evolução da função cognitiva pode ser alcançada com o uso da medicação. Isto é
particularmente verdadeiro quando o diagnóstico é obtido bem no início do curso
da doença e o tratamento é iniciado imediatamente, o que reforça a importância
do diagnóstico precoce.
Muitas linhas de pesquisa em diferentes países estão constantemente contribuindo com o conhecimento sobre a doença e novas perspectivas para o seu tratamento. Isto significa que possivelmente algumas opções de tratamento que são atualmente apenas experimentais possam ser em breve aprovadas para uso clínicos, com grandes perspectivas de um maior impacto sobre a doença do que aquilo que pode ser alcançado hoje.
Mas a descoberta da cura ou vacina ainda deverá demorar algumas décadas, o que beneficiará apenas os futuros portadores da doença.
Muitas linhas de pesquisa em diferentes países estão constantemente contribuindo com o conhecimento sobre a doença e novas perspectivas para o seu tratamento. Isto significa que possivelmente algumas opções de tratamento que são atualmente apenas experimentais possam ser em breve aprovadas para uso clínicos, com grandes perspectivas de um maior impacto sobre a doença do que aquilo que pode ser alcançado hoje.
Mas a descoberta da cura ou vacina ainda deverá demorar algumas décadas, o que beneficiará apenas os futuros portadores da doença.
Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra
pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia