segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Teste do pezinho


O teste do pezinho é popularmente conhecido por este nome pelo fato de ser feito por uma picadinha no calcanhar do bebê. As gotas de sangue são colhidas num papel filtro e levadas para serem analisadas.

Ele é um exame laboratorial, chamado também de triagem neonatal, e que é de grande importância para detectar precocemente doenças metabólicas, genéticas e infecciosas que podem causar alterações no desenvolvimento neurológico e psicomotor do bebê. Desta forma, estas doenças poderão ser tratadas mesmo antes do aparecimento de seus sintomas.

Esse exame é realizado em grande parte das maternidades ou em laboratórios. É coletado após o bebê completar 48 horas de vida para que o teste não sofra influência do metabolismo da mãe. O ideal é que o teste seja feito até o sétimo dia de vida.

Existem diferentes tipos de exames do pezinho. O Sistema Único de Saúde (SUS) instituiu o Programa Nacional de Triagem Neonatal, onde cobre a identificação de até quatro doenças:
  • fenilcetonúria: é uma doença ocasionada por um erro no metabolismo de um aminoácido, acarretando o acúmulo da substância fenilalanina no sangue, causando retardo de desenvolvimento e convulsões; seu tratamento consiste em dieta adequada, sem a fenilalanina.
  • hipotireoidismo congênito: causado pela falta de produção de hormônio tireoideano, levando também a retardo mental se não tratado com o uso do hormônio.
  • anemia falciforme: causada pela formação de hemoglobinas anormais que são mais frágeis e rompem-se, causando anemia; podem também obstruir vasos sangüíneos, levando a infecções e dores no corpo. O controle desta doença deve ser feito por especialistas (Hematologistas), normalmente por toda a vida.
  • fibrose cística: doença hereditária que causa principalmente comprometimento pulmonar e do pâncreas, necessitando de diversos tratamentos.
Mas nem todos os Estados brasileiros realizam os quatro testes.
Hoje já existe uma versão ampliada do teste do pezinho onde é possível identificar mais de 30 doenças antes que seus sintomas se manifestem, mas é ainda um recurso sofisticado e bastante caro, não disponível na rede pública de saúde. E um resultado normal, mesmo no teste ampliado, não afasta a possibilidade de outras doenças neurológicas genéticas ou adquiridas

O exame convencional do pezinho é obrigatório por lei em todo o Brasil e gratuito, sendo um direito de todos. Não esqueça de buscar o resultado e levá-lo para o pediatra verificar.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Rinite alérgica


A rinite alérgica é causada pela inflamação da mucosa nasal, ou seja, da sua camada interna. Isto ocorre após o contato com algum alérgeno:
  • ácaros da poeira doméstica;
  • animais, insetos;
  • pólens;
  • fungos;
  • fumaça de cigarro, de automóveis e de indústrias;
  • medicamentos.


Para considerar que uma criança tem rinite, ela deve apresentar pelo menos dois dos seguintes sintomas: rinorréia (“nariz escorrendo”), prurido nasal (“coceira no nariz”), obstrução nasal (“nariz entupido”) e espirros em salva (“espirros seguidos”).

A rinite alérgica está muito associada à sinusite, à asma e à conjuntivite.

O diagnóstico da doença é feito basicamente pela história do paciente, ou seja, pelos sintomas e pela presença de alergia (atopia) em familiares próximos.

Ao exame físico, um sinal sugestivo é a prega que se forma acima da ponta do nariz, devido à coceira frequente. Há respiração bucal devido à obstrução nasal. Pode haver lacrimejamento associado.

Alguns sinais de rinite podem ser vistos ao exame pela narina: a mucosa estará comumente pálida e inchada, que é o mais comum na rinite. Também pode haver secreção.

Existem exames laboratoriais, como a dosagem no sangue da chamada “imunoglobulina E” (IgE); porém, o seu aumento pode ocorrer em outras doenças além da rinite. Há também o teste cutâneo, no qual pode-se utilizar alguns alérgenos sobre a pele para descobrir qual é o desencadeante (ou os desencadeantes) da rinite. Este também não é muito fiel, pois se negativo, não exclui  a  doença.

Para o tratamento, existe hoje uma grande variedade de medicações, tanto orais como aplicações nasais e vacinas. Mas o mais importante é o controle ambiental: a retirada de todas as fontes de alérgenos, como: retirada de tapetes, carpetes, cortinas e bichos de pelúcia; afastar os fumantes; passar pano úmido diariamente na casa para retirar a poeira, sem usar produtos com cheiro forte; deixar bater sol na casa para evitar umidade; evitar que animais domésticos habitem dentro de casa, dando preferência por deixá-los no quintal.


Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra


CRM: 104.671 

Fonte da imagem: childrenshospital (créditos e divulgação)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cólica

Todos os bebês normais choram!!! Alguns mais do que a média, e em alguns casos, são os pais que não estão acostumados ao choro e o acham fora do comum. Mas o choro nada mais é que a forma dos pequenos se comunicarem.
Certamente, o choro persistente e que não cessa mesmo quando não há nada que o justifique,
deve ser considerado e caso haja dúvidas, deve-se pedir  orientação ao Pediatra para excluir possíveis doenças. Porém nestes casos normalmente há outros sinais associados, servindo de alerta, como a recusa alimentar e a perda de peso.
A maioria dos choros tem causa comum e de fácil reconhecimento: fome, frio, calor, sede, sono, fralda suja, necessidade de sugar, necessidade de contato físico ou então, a tão famosa “cólica”.
A cólica é caracterizada pelo choro súbito, forte e prolongado, com pequenas pausas, acompanhado por “caretas” de dor. O bebê se estica e se encolhe, fica vermelho e com a barriguinha dura. A eliminação de gases permite um alívio temporário.
Outra característica do choro por cólica é o seu início ou piora por volta da terceira semana de vida, durando até cerca de 3 meses. É também mais comum e intenso por volta das 19 às 23 horas, podendo durar minutos ou até horas seguidas.
A causa das cólicas no bebê deve-se principalmente à incoordenação dos movimentos intestinais; ou seja, o intestino do recém-nascido leva um período para “aprender” a trabalhar para uma só direção. E este movimento “desorientado” causa as dores abdominais e a formação de gases.
Então, como lidar com tamanho desconforto, responsável por tantas noites em claro?
O principal é MANTER A CALMA !!!
Pode parecer pouco, mas a tranquilidade passada para o bebê é responsável pela diminuição dos períodos críticos de dor.
O posicionamento também auxilia bastante: uma posição confortável em que o bebê fique de bruços sobre um travesseiro ou sobre a barriga dos pais costuma aliviar os sintomas.
Massagear a barriga da criança com as mãos, da direita para a esquerda e flexionar as pernas ajuda a eliminar os gases.
E finalmente, deixar o bebê no colo, em “posição de arrotar”, após as mamadas ajuda o esvaziamento do estômago e a melhor digestão do leite.
Medicações normalmente não são necessárias e muitas vezes não resolvem bem o problema. Mesmo assim, logo nas primeiras consultas de rotina, peça orientação quanto à receita de algum medicamento específico para a cólica, caso ela apareça de forma intensa.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Soluço


Aquele barulhinho típico do soluço – ihhcc...- é capaz de deixar qualquer mãe ansiosa pelo aparente incômodo que isso possa provocar nos bebês. Mas, ao contrário do que imaginamos, o bebê não sente incômodo e nem dor. São tão comuns que atingem cerca de 80% dos bebês e, de tão inofensivos, desaparecem repentinamente e sem precisar de qualquer tratamento. Os soluços tendem a melhorar até os seis meses de idade.

O soluço normalmente aparece pela imaturidade do sistema nervoso que não controla adequadamente o músculo diafragma (músculo que separa o tórax do abdome, envolvido na respiração). Qualquer coisa que irrite o diafragma faz com que esse músculo entre em espasmo, ou seja, uma contração repetitiva súbita e involuntária. O ruído decorre do fechamento inesperado da glote (parte da garganta) durante a inspiração, fazendo com que com que as pregas vocais vibrem.

As causas da irritação do diafragma podem ser a ingestão excessiva de alimento (distensão abdominal), a deglutição de ar e as mudanças de temperatura.

 Existem algumas soluções que podem ser aplicadas: a melhor maneira de acabar com o soluço do bebê é colocá-lo para mamar. Desta forma ele faz uma respiração ritmada, que ajuda a interromper os espasmos.
Em crianças mais velhas, o susto realmente pode resolver, já que ao se assustar, o organismo libera uma substância chamada adrenalina, que inibe a contração do diafragma e interrompe os espasmos. Mas isto NÃO deve ser feito com um bebê ou uma criança mais nova, pois eles  podem  se apavorar.

Ficar algum tempo sem respirar, tomar água com o nariz tampado ou respirar num saco de papel também são recursos para acabar com o soluço de adultos e de crianças mais velhas. Essas táticas aumentam o nível de gás carbônico no sangue fazendo com que o diafragma volte ao normal.

Para evitar o soluço, se ao amamentar o bebê a mamãe escutar um ruído quando a sucção iniciar, retire o bebê do peito e, ao recolocar, faça com que abocanhe a maior parte da aréola (parte mais escura do peito). Assim,  evitará a entrada de ar no estômago.

Outra maneira de evitar o soluço é retirar o bebê do peito quando ele mama direto, sem pausa. A ingestão rápida de leite também pode ocasionar soluços. Faça as pausas por ele. Deixe-o sugar um pouco e retire o bebê do peito para que descanse e respire, recolocando-o em seguida. Depois da mamada, coloque-o em pé no colo, pois desta forma facilita a eliminação do ar pelo “arroto”. Se o bebê permanecer deitado no berço com soluço, ele poderá vomitar e até engasgar.

Troque o seu filho sempre em ambiente com temperatura agradável e sem correntes de ar, pois a mudança brusca de temperatura, como quando o bebê que tira a roupa e o ambiente fica mais frio, pode ocasionar o soluço também.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

terça-feira, 30 de julho de 2013

Higiene ambiental e física da criança


A higiene ambiental e física é grande parte responsável pela saúde da criança.
A habitação é fundamental, pois é onde ela encontrará proteção às variações do clima (frio, calor, chuvas) e é o local onde ela passa a maior parte de seu tempo.
Há medidas simples, porém fundamentais para que as condições ambientais sejam adequadas:

  • ventilação e iluminação: arejar o ambiente e deixar que a luz do sol entre por um período do dia dificulta a instalação de umidade, evitando problemas respiratórios. O quarto em que a criança dorme é o principal local que deverá receber bastante sol.
  • limpeza: se possível diariamente deve-se retirar a poeira com panos úmidos para que o pó não fique suspenso no ar e não seja inalado. Tapetes e cortinas devem se lavados com freqüência. Preferencialmente, a limpeza deverá ser feita quando a criança não estiver por perto, e com produtos que não tenham cheiro forte. Lembrar sempre que os produtos de limpeza devem ficar fora de alcance das “mãozinhas curiosas” para não haver acidentes.
  • armazenamento de objetos de risco: mais uma vez vale reforçar a importância de guardar objetos cortantes ou com pontas, produtos inflamáveis, remédios, etc em locais fora de alcance das crianças. Cobrir tomadas, colocar barreiras em escadas, gradear janelas e manter distância do fogão e do ferro de passar, diminuem os acidentes domésticos.
  • deixar lixos sempre tampados para evitar insetos e outros bichos.
  • armazenar alimentos em locais próprios, sem umidade ou calor. Utilizar água filtrada ou fervida para beber e preparar os alimentos, lavar frutas e verduras antes de comê-las. Lavar sempre as mãos antes de manipular os alimentos.

Como indivíduo, há também necessidades básicas para manter a saúde física:

  • sono: o repouso é essencial para manter o bom funcionamento do corpo. A necessidade de horas de descanso varia com a idade. Quanto menor a criança, mais ela necessita dormir. O local deve ser tranquilo e a cama, ou berço, seguros contra quedas.
  • alimentação variada, em horários estabelecidos e com asseio. A lavagem das mãos antes das refeições  vale para os pequenos também.
  • asseio corporal: o banho diário proporciona além da limpeza, o bem-estar e sensação de conforto. A temperatura da água deve ser morna, em torno de 36,5°C, o sabão neutro e a secagem deve ser feita sem friccionar a pele. A criança deve ter sua própria toalha, para que só ela use. Cortar as unhas com freqüência evita que sujeira se acumule e seja levada à boca. Pentear os cabelos e escovar os dentes também faz parte da higiene diária.
  • vestuário: roupas devem ser escolhidas pelo conforto e de acordo com o clima. No verão roupas leves e no inverno agasalhos.
  • banho de sol: o ideal é que seja diário, iniciando gradativamente até uma duração de 20 a 30 minutos e nos horários próprios (antes das 10h e após às 16h).
  • exercícios físicos: importante tanto para fortalecer a musculatura e aprimorar a coordenação motora, quanto para higiene mental. Deve-se sempre respeitar a idade, o limite e a vontade da criança, sendo feitos sob supervisão e orientação. Para os bebês pode-se fazer massagens leves nos braços e pernas. Após os três meses pode-se estimular o bebê  a sentar – este  segurando com as mãos os polegares da mãe/pai e após deitando novamente. Aos cinco meses o mesmo exercício pode ser feito, porém levantando a criança e depois voltando a sentá-la. Dos 2 aos 6 anos as brincadeiras em grupo são as mais indicadas. Os exercícios de força são recomendados após o início da adolescência, por volta de 13 a 15 anos.
  • brincadeiras: brincar e brincar!!! Vale música, dança, jogos, bola, boneca, carrinho e o que mais a criança gostar e for próprio à sua idade. Procurar limitar o tempo diário da televisão, e quando possível brincar ao ar livre. 
Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671