No dia 1o de dezembro começou
oficialmente o Dezembro Laranja, a campanha da Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD) pela prevenção ao câncer da pele. Este é o terceiro ano consecutivo dessa
iniciativa que visa passar uma mensagem importante: a de que o câncer da pele
pode ser prevenido
Mais de 4
milhões de brasileiros já tiveram câncer da pele, revela pesquisa inédita
Em 2016,
a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), junto com o DataFolha, divulga
pesquisa inédita que imprime a radiografia do hábito de exposição solar do
brasileiro. A pesquisa traz dados alarmantes:
·
106 milhões de
brasileiros se expõem ao sol de forma intencional nas atividades de lazer – 70%
da população acima de 16 anos
·
63% dos brasileiros não
usam protetor solar no seu dia a dia = + 95 milhões de brasileiros
não se protegem de forma regular
·
6 milhões de
brasileiros adultos (mais de 4% da população) não se protegem de forma
alguma quando estão na praia, piscina, cachoeira, banho de rio ou lago
·
Dos entrevistados
que têm filhos até 15 anos, 20% dessas crianças e adolescentes não se
protegem de forma alguma nas atividades de lazer. Se a análise incluir as
classes D/E, esse percentual sobe para 35%
De 23 a
27 de agosto o Datafolha avaliou os hábitos de fotoproteção de 2069
lares brasileiros, em 130 municípios. Segundo o coordenador da Pesquisa e
do Consenso de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Dermatologia,
Sérgio Schalka, “a pesquisa é importante para que possamos tomar iniciativas
mais sólidas de prevenção ao câncer da pele. Ainda temos grande parcela da
população que não se previne adequadamente, precisamos reverter este
quadro”, afirma.
Dados do
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estimam que, em
2016, serão contabilizados cerca de 176 mil novos casos de câncer da pele não
melanoma no Brasil. Os principais tipos que ocorrerão no país serão, por ordem
de incidência, os de pele não melanoma (para ambos os sexos), o de próstata e o
de mama.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, no ano 2030, existirá 27 milhões
de casos novos de câncer, 17 milhões de mortes pela doença e 75 milhões de
pessoas vivendo com câncer. O maior efeito desse aumento incidirá em países em
desenvolvimento. No Brasil, o câncer já é a segunda causa de morte por doenças,
atrás apenas das do aparelho circulatório.
A doença
é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a
pele. Estas células se dispõem formando camadas e, de acordo com a camada
afetada, definimos os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são os
carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Mais raro e letal que os
carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele.
A
radiação ultravioleta é a principal responsável pelo desenvolvimento de tumores
cutâneos, e a maioria dos casos está associada á exposição excessiva ao sol ou
ao uso de câmaras de bronzeamento.
Apesar da
incidência elevada, o câncer da pele não-melanoma tem baixa letalidade e pode
ser curado com facilidade se detectado precocemente. Por isso, examine
regularmente sua pele e procure imediatamente um dermatologista caso perceba
pintas ou sinais suspeitos.
Sinais e sintomas
O câncer da pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras
lesões benignas. Assim, conhecer bem a pele e saber em quais regiões existem
pintas faz toda a diferença na hora de detectar qualquer irregularidade.
Somente um exame clínico feito por um médico especializado ou uma biópsia podem
diagnosticar o câncer da pele, mas é importante estar sempre atento aos
seguintes sintomas:
·
Uma lesão na pele de
aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou
multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
·
Uma pinta preta ou
castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de
tamanho;
·
Uma mancha ou ferida que
não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou
sangramento.
Aqui você encontrará a metodologia indicada por dermatologistas
para reconhecer as manifestações dos três tipos de câncer da pele: carcinoma
basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. Para auxiliar na identificação
dos sinais perigosos, basta seguir a Regra do ABCD. Mas, em caso de
sinais suspeitos, procure sempre um dermatologista.
·
Assimetria - A forma de metade da mancha não coincide com a outra metade.
·
Borda - As bordas são irregulares, entalhadas ou dentadas.
·
Cor - É muitas vezes desigual. Tons de preto, marrom e canela
podem estar presentes. Áreas brancas, cinza, vermelha ou azul também podem ser
vistas.
·
Diâmetro - O diâmetro maior que 6 mm.
·
Evolução - A pinta vem mudando de tamanho, forma, cor, aparência, ou se
desenvolve em uma área de pele previamente normal.
Tipos de câncer da
pele
Carcinoma basocelular (CBC)
É o mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. O CBC surge
nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a
camada superior da pele). Tem baixa letalidade, e pode ser curado em caso de
detecção precoce.
Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões mais expostas ao
sol, como face,orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem
se desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente. Em
alguns casos, além da exposição ao sol, há outros fatores que desencadeiam o
surgimento da doença.
Certas manifestações do CBC podem se assemelhar a lesões não
cancerígenas, como eczema ou psoríase. Somente um médico especializado pode
diagnosticar e prescrever a opção de tratamento mais indicada.
O tipo mais encontrado é o nódulo-ulcerativo, que se traduz como
uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com
facilidade.
Carcinoma espinocelular (CEC)
É o segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer.
Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas
superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora
seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo,
pescoço etc. A pele nessas regiões normalmente apresenta sinais de dano solar,
como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade.
O CEC é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres.
Assim como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a
principal causa do CEC, mas não a única. Alguns casos da doença estão
associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição
de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação.
Normalmente, os CEC têm coloração avermelhada, e apresentam-se na
forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e
sangram ocasionalmente. Podem ter aparência similar a das verrugas também.
Somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto.
Melanoma
Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, com 6.130
casos previstos no Brasil em 2013 segundo o INCA, o melanoma tem o pior
prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de
melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura
são de mais de 90%, quando há deteção precoce da doença.
O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal
na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, quando se trata de
melanoma, a “pinta” ou o “sinal” em geral mudam de cor, de formato ou de
tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a
própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso
detecte qualquer lesão suspeita.
Alias, mesmo sem nenhum sinal suspeito, uma visita ao
dermatologista ao menos uma vez por ano deve ser feita. essas lesões
podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente. Além disso,
uma lesão considerada “normal” pra você, pode ser suspeita para o médico.
Pessoas de pele clara, com fototipos I e II, têm mais risco de
desenvolverem a doença, que também pode manifestar-se em indivíduos negros ou
de fototipos mais altos, ainda que mais raramente. O melanoma tem origem nos
melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele.
Normalmente, surge nas áreas do corpo mais expostas à radiação solar.
Em estágios iniciais, o melanoma se desenvolve apenas na camada
mais superficial da pele, o que facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor.
Nos estágios mais avançados, a lesão é mais profunda e espessa, o que aumenta a
chance de metástase para outros órgãos e diminui as possibilidades de cura. Por
isso, o diagnóstico precoce é fundamental. Casos de melanoma metastático, em
geral, apresentam pior prognóstico e dispõem de um número reduzido de opções
terapêuticas.
A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento
do melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença
devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta quando há
casos registrados em familiares de primeiro grau.
Tratamento
Todos os casos de câncer de pele devem ser diagnosticados e
tratados precocemente, inclusive os de baixa letalidade, que podem provocar
lesões mutilantes ou desfigurantes em áreas expostas do corpo, causando
sofrimento aos pacientes.
Felizmente, há diversas opções terapêuticas para o tratamento do
câncer da pele não-melanoma. A modalidade escolhida varia conforme o tipo e a
extensão da doença, mas, normalmente, a maior parte dos carcinomas
basocelulares ou espinocelulares pode ser tratada com procedimentos simples.
Como prevenir o
câncer da pele
Evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos
da radiação UV são as melhores estratégias para prevenir o melanoma e outros
tipos de tumores cutâneos.
Como a incidência dos raios ultravioletas está cada vez mais
agressiva em todo o planeta, as pessoas de todos os fototipos devem estar
atentas e se protegerem quando expostas ao sol. Os grupos de maior risco são os
do fototipo I e II, ou seja: pele clara, sardas, cabelos claros ou ruivos e
olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com histórico
da doença, queimaduras solares, incapacidade para bronzear e pintas também
devem ter atenção e cuidados redobrados.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que as seguintes
medidas de proteção sejam adotadas:
·
Usar chapéus, camisetas
e protetores solares.
·
Evitar a exposição solar
e permanecer na sombra entre 10 e 16h (horário de verão).
·
Na praia ou na piscina,
usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação
ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos
raios UV ultrapassam o material.
·
Usar filtros solares
diariamente, e não somente em horários de lazer ou diversão. Utilizar um
produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção
solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplicar o produto a cada duas horas ou
menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia-a-dia,
aplicar uma boa quantidade pela manhã e reaplicar antes de sair para o almoço.
·
Observar regularmente a
própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas.
·
Consultar um
dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo.
·
Manter bebês e crianças
protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses.
Fotoproteção
A exposição à radiação ultravioleta (UV) tem efeito cumulativo e
penetra profundamente na pele, sendo capaz de provocar diversas alterações,
como o bronzeamento e o surgimento de pintas, sardas, manchas, rugas e outros
problemas. A exposição solar em excesso também pode causar tumores benignos
(não cancerosos) ou cancerosos, como o carcinoma basocelular, o carcinoma
espinocelular e o melanoma.
Na verdade, a maioria dos cânceres da pele está relacionada à
exposição ao sol, por isso todo cuidado é pouco. Ao sair ao ar livre
procure ficar na sombra, principalmente no horário entre as 10h e 16h, quando a
radiação UVB é mais intensa. Use sempre protetor solar com fator de
proteção solar (FPS) de 30 ou maior. Cubra as áreas expostas com roupas
apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas
largas. Óculos escuros também complementam as estratégias de proteção.
Sobre os protetores solares (fotoprotetores)
Os fotoprotetores, também conhecidos como protetores solares ou
filtros solares, são produtos capazes de prevenir os males provocados pela
exposição solar, como o câncer da pele, o envelhecimento precoce e a queimadura
solar.
O fotoprotetor ideal deve ter amplo espectro, ou seja, ter boa
absorção dos raios UVA e UVB, não ser irritante, ter certa resistência à água,
e não manchar a roupa. Eles podem ser físicos ou inorgânicos e/ou químicos ou
orgânicos. Os protetores físicos, à base de dióxido de titânio e óxido de
zinco, se depositam na camada mais superficial da pele, refletindo as radiações
incidentes. Eles não eram bem aceitos antigamente pelo fato de deixarem a pele
com uma tonalidade esbranquiçada, mas Isso tem sido minimizado pela coloração
de base de alguns produtos. Já os filtros químicos funcionam como uma espécie
de “esponja” dos raios ultravioletas, transformando-os em calor.
Radiação UVA e UVB
Um fotoprotetor eficiente deve oferecer boa proteção contra a
radiação UVA e UVB. A radiação UVA tem comprimento de onda mais longo e sua
intensidade pouco varia ao longo do dia. Ela penetra profundamente na pele, e é
a principal responsável pelo fotoenvelhecimento e pelo câncer da pele. Já a
radiação UVB tem comprimento de onda mais curto e é mais intensa entre as 10h e
16h, sendo a principal responsável pelas queimaduras solares e pela vermelhidão
na pele.
Um fotoprotetor com fator de proteção solar (FPS) 2 até 15 possui
baixa proteção contra a radiação UVB; o FPS 15-30 oferece média proteção
contra UVB, enquanto os protetores com FPS 30-50, oferecem alta proteção UVB e
o FPS maior que 50, altíssima proteção UVB. Pessoas de pele clara, que se
queimam sempre e nunca se bronzeiam, geralmente aqueles com cabelos ruivos ou
loiros e olhos claros, devem usar protetores solares com FPS 15, no mínimo.
Já em relação aos raios UVA, não há consenso quanto à metodologia
do fator de proteção. Ele pode ser mensurado em estrelas, de 0 a 4, onde 0 é
nenhuma proteção e 4 é altíssima proteção UVA, ou em números: < 2, não há
proteção UVA; 2-4 baixa proteção; 4-8 média proteção, 8-12 alta proteção e >
12 altíssima proteção UVA. Procure por esta classificação ou por valor de
PPD nos rótulos dos produtos.
Como escolher um fotoprotetor?
Em primeiro lugar, devemos verificar o FPS, quanto é proteção
quanto aos raios UVA, e também se o produto é resistente ou não a água. A nova
legislação de filtros solares exige que tudo que o produto anunciar no rótulo,
deve ter testes comprovando a eficácia. Outra mudança é que o valor do
PPD que mede a proteção UVA deve ser sempre no mínimo metade do valor do Filtro
solar. Isso porque se sabe que os raios UVA também contribuem para o risco de
câncer de pele.
O “veículo” do produto– gel, creme, loção, spray, bastão – também
tem de ser considerado, pois isso ajuda na prevenção de acne e oleosidade
comuns quando se usa produtos inadequados para cada tipo de pele. Pacientes com
pele com tendência a acne devem optar por veículos livres de óleo ou gel creme.
Já aqueles pacientes que fazem muita atividade física e que suam bastante,
devem evitar os géis, pois saem facilmente.
Como aplicar o fotoprotetor?
O produto deve ser aplicado ainda em casa, e reaplicado ao longo
do dia a cada 2 horas, se houver muita transpiração ou exposição solar
prolongada. É necessária aplicar uma boa quantidade do produto, equivalente a
uma colher de chá rasa para o rosto e três colheres de sopa para o corpo,
uniformemente, de modo a não deixar nenhuma área desprotegida. O filtro solar
deve ser usado todos os dias, mesmo quando o tempo estiver frio ou nublado,
pois a radiação UV atravessa as nuvens.
É importante lembrar que usar apenas filtro solar não basta. É
preciso complementar as estratégias de fotoproteção com outros mecanismos, como
roupas, chapéus e óculos apropriados. Também é importante consultar um
dermatologista regularmente para uma avaliação cuidadosa da pele, com a
indicação do produto mais adequado.
Dra
Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela
Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia
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