É
impossível não falar novamente sobre um assunto corriqueiro nessa época do ano, mas que este ano já gerou ansiedade, dúvida e
medo.
Casos de gripe
são mais comuns no fim do outono e no inverno, mas este ano a doença chegou
mais cedo, e com uma característica distinta: o vírus que tem
circulado mais é o H1N1. Uma
das hipóteses relaciona essa situação a fenômenos climáticos como o El Niño
(que influencia movimentos migratórios das aves, traz mais chuvas e calor).
Assim, doenças que ficavam concentradas em determinadas épocas do ano,
especialmente nos meses inverno, passam a acontecer em qualquer período.
Com isso, as
pessoas passaram a correr atrás da vacina contra a gripe. Resultado, as
clínicas particulares que vacinam contra a gripe presenciaram um corre-corre de
pais e mães aflitos no início do mês de abril, que ficou difícil encontrar em
São Paulo um local que disponibilizasse a vacina ou que não tivesse espera de
pelo menos 3 horas.
A
última vez que o vírus H1N1 circulou forte por aqui foi em 2013. Em 2014 e 2015
ele não foi o vilão, tanto é que não foi comentado nem exposto como está sendo
agora. As vacinas do ano anterior até sobraram. Então, quando o vírus fica um
pouco ausente e depois reaparece, ele infelizmente ‘faz a festa”, explicação no
Simpósio Internacional de Atualização em Influenza, que aconteceu no final de
março em SP.
O
Ministério da Saúde concordou em antecipar a distribuição das doses no Estado
de São Paulo, onde o número de mortes chegou a 42 no final de março.
Uma questão de extrema importância e que deve ser levada em
consideração é em relação à vacinação de uma faixa etária um pouco mais ampla.
Os chamados adultos jovens (entre 40 e 50 anos) com doenças crônicas vêm
sendo os mais atingidos pela doença. Seja por falta de informação ou
por qualquer outro motivo, indivíduos portadores de doenças como HIV,
diabetes, lúpus, cardiopatias, obesidade mórbida e problemas pulmonares, acabam
não sabendo que devem se vacinar e ficam expostos.
Prevenção
Antes mesmo de os sintomas aparecerem, os indivíduos
contaminados já estão transmitindo os vírus. Tosse e espirro são formas
eficazes de o vírus se propagar, pois nesses momentos partículas que contêm o
vírus podem percorrer cinco metros de distância a uma velocidade de 150km por
hora. Porém, a transmissão também pode se dar simplesmente ao falar perto de
uma pessoa, de uma distância de até 2 metros. Atenção: máscaras comuns não
barram as micropartículas.
Portanto, além da imunização (redes privadas estão
cobrando cerca de R$170 a dose), é de extrema importância lavar
frequentemente as mãos, utilizar lenços e colocar a mão na boca ao tossir e
espirrar. Procure assistência médica ao perceber os primeiros sinais de febre
alta, acima de 38º, 39º (tenha sempre um termômetro em casa), dor muscular, de
cabeça, de garganta ou nas articulações.
A gripe H1N1, ou influenza A, é provocada
pelo vírus H1N1, um subtipo do
influenza vírus do tipo A. Ele é resultado da combinação de segmentos genéticos
do vírus humano da gripe, do vírus da gripe aviária e do vírus da gripe suína,
que infectaram porcos simultaneamente.
O
período de incubação varia de 3 a 5 dias. A transmissão pode ocorrer antes de
aparecerem os sintomas. Ela se dá pelo contato direto com os animais ou com
objetos contaminados e de pessoa para pessoa, por via aérea ou por meio de
partículas de saliva e de secreções das vias respiratórias. Experiências
recentes indicam que esse vírus não é tão agressivo quanto se imaginava.
Segundo a OMS e o CDC (Center for Deseases Control), um centro de controle de
enfermidades, nos Estados Unidos, não há risco de esse vírus ser transmitido
através da ingestão de carne de porco, porque ele será eliminado durante o
cozimento em temperatura elevada (71º Celsius).
Sintomas
Os
sintomas da gripe H1N1 são semelhantes aos causados pelos vírus de outras
gripes. No entanto, requer cuidados especiais a pessoa que apresentar febre
alta, acima de 38º, 39º, de início repentino, dor muscular, de cabeça, de
garganta e nas articulações, irritação nos olhos, tosse, coriza, cansaço e
inapetência. Em alguns casos, também podem ocorrer vômitos e diarreia.
Diagnóstico
Existem
testes laboratoriais rápidos que revelam se a pessoa foi infectada por algum
vírus da gripe. No caso do H1N1, como se trata de uma cepa nova, o resultado
pode demorar mais tempo. No entanto, nos Estados Unidos, já foram desenvolvidos
“kits” para diagnóstico, que aceleram o processo de identificação do H1N1.
Vacina
A
vacina contra a influenza tipo A é feita com o vírus (H1N1) da doença
inativo e fracionado. Os efeitos colaterais são insignificantes se comparados
com os benefícios que pode trazer na prevenção de uma doença sujeita a
complicações graves.
Existem
duas vacinas que protegem contra a infecção pelo H1N1: a trivalente,
que imuniza contra dois vírus da influenza A e contra uma cepa do vírus
da influenza B, e a vacina tetravalente (ou quadrivalente) que, além
desses vírus imuniza contra uma segunda cepa do vírus da influeza B, menos
frequente no Brasil e que só deve ser usada a partir dos três anos de idade.
Os
dois tipos de vacina são eficazes, mas levam de duas a três semanas para fazer
efeito. Embora não ofereçam 100% de proteção, estão perto disso.
Idosos
acima de 60 anos, gestantes, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis
(hipertensão, diabetes, asma, bronquite, insuficiência renal, obesidade grau 3,
por exemplo), imunossuprimidos e transplantados, crianças entre seis
meses e cinco anos, profissionais da saúde, população indígena, presidiários
constituem o grupo prioritário para vacinação.
A
vacina é contraindicada para as pessoas com alergia grave a ovo, pois pode
conter ovoalbumina, uma proteína do ovo responsável por reações alérgicas. Isso
acontece porque existe uma etapa, durante o processo de produção da
vacina, que os vírus crescem em ovos de galinha.
Tratamento
É de extrema importância evitar a automedicação. O uso dos
remédios sem orientação médica pode facilitar o aparecimento de cepas
resistentes aos medicamentos. Os princípios ativos fosfato de oseltamivir e
zanamivir, presentes em alguns antigripais (Tamiflu e Relenza) e já utilizados
no tratamento da gripe aviária, têm-se mostrado eficazes contra o vírus H1N1,
especialmente se ministrados nas primeiras 48 horas, que se seguem ao
aparecimento dos sintomas.
Recomendações
Para
proteger-se contra a infecção ou evitar a transmissão do vírus, o Center Deseases Control (CDC) recomenda:
* Lavar frequentemente as mãos com bastante água e sabão ou
desinfetá-las com produtos à base de álcool;
* Jogar fora os lenços descartáveis usados para cobrir a boca e
o nariz, ao tossir ou espirrar;
* Evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes;
* Não levar as mãos aos olhos, boca ou nariz depois de ter
tocado em objetos de uso coletivo;
* Não compartilhar copos, talheres ou objetos de uso pessoal;
* Suspender, na medida do possível, as viagens para os lugares
onde haja casos da doença;
* Procurar assistência médica, se o doente pertence a um grupo de
risco e se surgirem sintomas que possam ser confundidos com os da infecção
pelo vírus H1N1 da influenza tipo A. Nos outros casos, permanecer em repouso e
tomar bastante líquido para garantir a boa hidratação.
Campanha de Vacinação:
Teve início no dia 30 de abril
a 18a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe.
Diferença entre gripe e resfriado:
Dra Flávia
Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de
Gerontologia