segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

QUEDAS


No Brasil, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano. O risco deste tipo de acidente pode ultrapassar 50% entre as pessoas acima de 85 anos. A principal e mais grave consequência das quedas são as fraturas, que geram declínio funcional, risco de novas quedas, depressão e até aumento da mortalidade. E é dentro de casa que ocorre o maior número de quedas, cerca de 70% dos casos.

Com o avançar da idade, o indivíduo torna-se mais frágil, principalmente devido a mudanças inerentes ao próprio processo natural do envelhecimento, como a redução da visão e audição, deformidades músculo-esqueléticas, diminuição da massa muscular, de alterações do equilíbrio e da mobilidade e do aparecimento de doenças crônico-degenerativas ao longo do tempo. Todos esses fatores aumentam o risco do idoso cair.
O uso de algumas classes de medicamentos ou ainda a associação do uso de várias medicações, chamada de polifarmácia, também aumenta o risco de quedas no idoso.
Alterações no nível de consciência, da frequência cardíaca ou pressão arterial, sonolência excessiva, tontura, sudorese, podem ser efeitos adversos de medicamentos, com potencial aumento no risco de quedas. Esses sintomas devem ser comunicados ao seu médico para que mudanças na prescrição possam ser instituídas, se isso for necessário.
É dentro de casa que ocorre o maior número de quedas. As quedas no domicílio correspondem a 70% dos casos. E o idoso saudável também cai. O idoso saudável (aquele que mesmo tendo doenças crônicas controladas apresenta capacidade funcional suficiente para desenvolver todas as suas atividades de vida diária sem dificuldades), assim como o idoso frágil, está exposto a situações de risco de quedas que vai depender do seu nível de atividade, do meio ambiente e do seu comportamento.
Situações de risco mais comuns às quais os idosos se expõem dentro de casa:
·         Tapetes soltos nos pisos de salas, banheiros, corredores, aumentam o risco de deslizar e escorregar;
·         Presença de móveis nos corredores e cômodos, em locais que precisam ser desviados ao transitar;
·         Animais de estimação (gatos, cachorros) que correm próximos aos donos;
·         Escadas sem corrimão;
·         Ambientes com pouca iluminação;
·         Levantar durante a noite e sem fácil acesso para acender as luzes;
·         Uso de escada para alcançar objetos guardados no alto;
·         Piso do banheiro molhado e escorregadio;
·         Sapatos de solados escorregadios ou com salto alto;
O uso de meias, chinelos, tamancos, sapatos tipo “anabela” aumentam a instabilidade na marcha e prejudicam o equilíbrio. Prefira sapatos fechados, de saltos mais grossos, até 2,5cm de altura, solados antiderrapantes, e tênis.
Assim o risco de quedas existe muito frequentemente no domicilio e devem ser reconhecidos pelos profissionais da saúde e pela própria família.
Uma vez identificados, deve haver uma força tarefa de todos juntos (profissionais de saúde e familiares) para minimizar esses riscos através de adaptações ambientais, que podem ser feitas por uma equipe especializada nos cuidados do individuo idoso.
Adaptações importantes para prevenção de risco de quedas no domicilio:

para quarto:

·         Interruptor de luz ou um abajur ao lado da cama para não levantar no escuro;
·         Se tiver tapetes no quarto, prenda-os ao chão;
·         Evite camas muito baixas e colchões muito macios. Você poderá ter dificuldade para levantar ou deitar;
·         Prefira cadeiras e poltronas com apoios de braço laterais e com altura adequada para sentar e levantar;

no banheiro:

·         Aumente a altura do vaso sanitário, com um elevador de assento, e instale barras de apoio laterais e paralelas para facilitar ao sentar e levantar;
·         Substitua o box de vidros por cortinas, utilize tapetes emborrachados e antiderrapantes e instale barras de apoio dentro do Box para facilitar a movimentação;
·         Utilize uma cadeira resistente e firme dentro do Box se tiver dificuldade de se abaixar durante o banho;
·         O uso de lâmpadas fluorescentes e de cortinas, pia e assento do vaso de cores diferentes do piso podem tornar o ambiente mais bem iluminado;

Na cozinha e área de serviço:

·         Não utilize armários muito altos que necessitem de bancos ou escadas para alcançar os objetos e permitem instabilidade; E nas salas e corredores?
·         Não deixe pequenos objetos espalhados pelo chão, como brinquedos de crianças, fios ou extensões elétricas que cruzam o caminho;
·         Luzes com sensor de movimento em locais de pouca luminosidade e barras de apoio podem ser úteis;
·         Retire pequenos móveis que podem ser barreiras ao livre acesso entre os locais da casa;
·         Evite sofás muito baixos e macios para reduzir a dificuldade para se levantar;
·         Se tiver escadas, essas devem ser livres de objetos, possuírem corrimão dos dois lados, fitas antiderrapantes nos degraus e interruptores de luz, na parte inferior e superior da mesma;
Números de telefone de familiares, amigos ou do serviço de Home Care em locais de fácil acesso para ligar em casos de emergência;
Dispositivos de alarme instalados junto ao corpo ou próximo do idoso para facilitar o acesso à busca de ajuda.

Exercícios físicos

Prática regular de atividade física, preferencialmente supervisionada por profissional capacitado pode trazer benefício para a nossa saúde.
Para os menos ativos, pode-se combater o sedentarismo iniciando com caminhada de pelo menos 150 minutos distribuídos ao longo da semana.
Na prevenção de quedas, estudos mostram que exercícios para ganho de força muscular, equilíbrio e alongamento são de comprovado benefício. Isto pode ser obtido através da prática de musculação, fisioterapia motora e tai chi chuan, seja em academias, parques ou na sua própria casa.

Medicação pode ajudar a prevenir quedas?

Estudos demonstram que a suplementação de vitamina D pode reduzir o risco de quedas em pessoas acima de 65 anos. Consulte sempre o seu médico para ter orientações adequadas sobre como suplementar a vitamina D.
Quedas são eventos frequentes, potencialmente graves e que não devem ser negligenciados. Como descrito acima, medidas simples podem ser facilmente implementadas, através de adaptação do domicilio, mudanças de comportamento e de estilo de vida na promoção de saúde.


Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia


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