No
Brasil, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano. O risco deste
tipo de acidente pode ultrapassar 50% entre as pessoas acima de 85 anos. A
principal e mais grave consequência das quedas são as fraturas, que geram
declínio funcional, risco de novas quedas, depressão e até aumento da
mortalidade. E é dentro de casa que ocorre o maior número de quedas, cerca de
70% dos casos.
Com o avançar da idade, o
indivíduo torna-se mais frágil, principalmente devido a mudanças inerentes ao
próprio processo natural do envelhecimento, como a redução da visão e audição,
deformidades músculo-esqueléticas, diminuição da massa muscular, de alterações
do equilíbrio e da mobilidade e do aparecimento de doenças
crônico-degenerativas ao longo do tempo. Todos esses fatores aumentam o risco
do idoso cair.
O uso de algumas classes de medicamentos ou
ainda a associação do uso de várias medicações, chamada de polifarmácia, também
aumenta o risco de quedas no idoso.
Alterações no nível de consciência, da frequência
cardíaca ou pressão arterial, sonolência excessiva, tontura, sudorese, podem
ser efeitos adversos de medicamentos, com potencial aumento no risco de quedas.
Esses sintomas devem ser comunicados ao seu médico para que mudanças na
prescrição possam ser instituídas, se isso for necessário.
É dentro de casa que ocorre o maior número de
quedas. As quedas no domicílio correspondem a 70% dos casos. E o idoso saudável
também cai. O idoso saudável (aquele que mesmo tendo doenças crônicas
controladas apresenta capacidade funcional suficiente para desenvolver todas as
suas atividades de vida diária sem dificuldades), assim como o idoso frágil,
está exposto a situações de risco de quedas que vai depender do seu nível de
atividade, do meio ambiente e do seu comportamento.
·
Tapetes soltos nos pisos de salas,
banheiros, corredores, aumentam o risco de deslizar e escorregar;
·
Presença de móveis nos corredores e
cômodos, em locais que precisam ser desviados ao transitar;
·
Animais de estimação (gatos,
cachorros) que correm próximos aos donos;
·
Escadas sem corrimão;
·
Ambientes com pouca iluminação;
·
Levantar durante a noite e sem fácil
acesso para acender as luzes;
·
Uso de escada para alcançar objetos
guardados no alto;
·
Piso do banheiro molhado e
escorregadio;
·
Sapatos de solados escorregadios ou
com salto alto;
O uso de meias, chinelos, tamancos, sapatos
tipo “anabela” aumentam a instabilidade na marcha e prejudicam o equilíbrio.
Prefira sapatos fechados, de saltos mais grossos, até 2,5cm de altura, solados
antiderrapantes, e tênis.
Assim o risco de quedas existe muito
frequentemente no domicilio e devem ser reconhecidos pelos profissionais da
saúde e pela própria família.
Uma vez identificados, deve haver uma força
tarefa de todos juntos (profissionais de saúde e familiares) para minimizar
esses riscos através de adaptações ambientais, que podem ser feitas por uma
equipe especializada nos cuidados do individuo idoso.
Adaptações
importantes para prevenção de risco de quedas no domicilio:
para quarto:
·
Interruptor de luz ou um abajur ao
lado da cama para não levantar no escuro;
·
Se tiver tapetes no quarto,
prenda-os ao chão;
·
Evite camas muito baixas e colchões
muito macios. Você poderá ter dificuldade para levantar ou deitar;
·
Prefira cadeiras e poltronas com
apoios de braço laterais e com altura adequada para sentar e levantar;
no banheiro:
·
Aumente a altura do vaso sanitário,
com um elevador de assento, e instale barras de apoio laterais e paralelas para
facilitar ao sentar e levantar;
·
Substitua o box de vidros por
cortinas, utilize tapetes emborrachados e antiderrapantes e instale barras de
apoio dentro do Box para facilitar a movimentação;
·
Utilize uma cadeira resistente e
firme dentro do Box se tiver dificuldade de se abaixar durante o banho;
·
O uso de lâmpadas fluorescentes e de
cortinas, pia e assento do vaso de cores diferentes do piso podem tornar o
ambiente mais bem iluminado;
Na cozinha e área de serviço:
·
Não utilize armários muito altos que
necessitem de bancos ou escadas para alcançar os objetos e permitem
instabilidade; E nas salas e corredores?
·
Não deixe pequenos objetos
espalhados pelo chão, como brinquedos de crianças, fios ou extensões elétricas
que cruzam o caminho;
·
Luzes com sensor de movimento em
locais de pouca luminosidade e barras de apoio podem ser úteis;
·
Retire pequenos móveis que podem ser
barreiras ao livre acesso entre os locais da casa;
·
Evite sofás muito baixos e macios
para reduzir a dificuldade para se levantar;
·
Se tiver escadas, essas devem ser
livres de objetos, possuírem corrimão dos dois lados, fitas antiderrapantes nos
degraus e interruptores de luz, na parte inferior e superior da mesma;
Números de telefone de familiares, amigos ou
do serviço de Home Care em locais de fácil acesso para ligar em casos de
emergência;
Dispositivos de alarme instalados junto ao
corpo ou próximo do idoso para facilitar o acesso à busca de ajuda.
Exercícios físicos
Prática regular de atividade física,
preferencialmente supervisionada por profissional capacitado pode trazer
benefício para a nossa saúde.
Para os menos ativos, pode-se combater o
sedentarismo iniciando com caminhada de pelo menos 150 minutos distribuídos ao
longo da semana.
Na prevenção de quedas, estudos mostram que
exercícios para ganho de força muscular, equilíbrio e alongamento são de
comprovado benefício. Isto pode ser obtido através da prática de musculação,
fisioterapia motora e tai chi chuan, seja em academias, parques ou na sua
própria casa.
Medicação pode
ajudar a prevenir quedas?
Estudos demonstram que a suplementação de
vitamina D pode reduzir o risco de quedas em pessoas acima de 65 anos. Consulte
sempre o seu médico para ter orientações adequadas sobre como suplementar a
vitamina D.
Quedas são eventos frequentes, potencialmente
graves e que não devem ser negligenciados. Como descrito acima, medidas simples
podem ser facilmente implementadas, através de adaptação do domicilio, mudanças
de comportamento e de estilo de vida na promoção de saúde.
Dra
Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela
Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia