Insônia é uma sensação subjetiva de má qualidade de sono, com dificuldade em iniciar ou manter o sono e/ou sensação de sono não reparador ou não restabelecedor, mesmo em condições apropriadas para boa qualidade de sono.
A insônia não é definida com uma quantidade especifica de horas de sono. Muitas pessoas funcionam muito bem com menos de oito horas de sono por noite. Além disso, com o avançar da idade, o padrão do sono muda gradativamente seu padrão, tornando-se mais disperso, com múltiplos episódios de cochilo ao dia, ao invés de uma longa noite de sono.
É um sintoma muito comum, com prevalência de 15% em pacientes saudáveis, sendo mais comum em mulheres, idosos e naqueles com história prévia de insônia ou de comorbidades psiquiátricas.
As principais consequências são fadiga, prejuízo da qualidade de vigília, comprometimento cognitivo, distúrbios de humor, e sintomas físicos como cefaleia, diarreia e dor. Existem hipóteses a respeito do comprometimento imune que a insônia pode causar.
DIAGNÓSTICO
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o diagnóstico de insônia requer a presença dos seguintes fatores:
- Dificuldade em iniciar ou manter o sono, ou baixa qualidade de sono;
- Distúrbio do sono ocorre pelo menos três vezes por semana por pelo menos um mês;
- Comprometimento da atividades diárias em decorrência da dificuldade em dormir.
FATORES ASSOCIADOS
Múltiplos fatores podem estar associados com a insônia:
- Transtornos Psiquiátricos: Depressão, Ansiedade ou Comprometimento Cognitivo secundário a infecções ou alterações metabólicas;
- Sintomas Físicos: Dor, Náuseas, Febre, Soluço, Tosse, Desconforto Respiratório;
- Efeitos Adversos de Medicações;
- Sintomas Psicológicos como estresse emocional e alteração do ciclo sono vigília;
- Performance funcional (indivíduos acamados 50% do dia);
- Fatores Ambientais;
- Doenças Associadas (Câncer, Parkinson, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Insuficiência Cardíaca)
- Dietéticos (Cafeína, álcool).
TRATAMENTO
É essencial investigar cuidadosamente a causa da insônia e tratar causas potencialmente reversíveis de insônia, como por exemplo, dor, supressão da tosse ou tratamento de depressão. É importante lembrar que pacientes com outros sintomas além da insônia podem ser manejados com medicamentos que tenham sonolência como efeito adverso, por exemplo, no tratamento de depressão, náusea e falta de apetite. No entanto, medicamentos para tratar insônia devem ser usados com cautela pois podem exacerbar outras condições também.
A abordagem da insônia deve sempre levar em consideração a performance clinica do paciente, e quando indicado o tratamento farmacológico, os potenciais efeitos adversos e os objetivos do tratamento devem ser cuidadosamente explicados.
MANEJO DE SINTOMAS
Tratamento impecável de sintomas associados a distúrbios do sono em cada paciente em particular, assim como retirar qualquer medicamento estimulantes que possa exacerbar a insônia.
Adequação ambiental para redução da insônia deve incluir:
- Manter o quarto em temperatura média, bem ventilado, e com pouca luz à noite;
- Evitar o uso de equipamentos eletrônicos à noite, como televisão ou música alta;
- Mudanças no estilo de vida também podem ser muito úteis para regular o padrão de sono, como evitar cochilos durante o dia, grandes refeições ou excesso de líquidos no período noturno e evitar o uso de estimulantes como café antes de dormir.
Além disso, estimular o paciente a manter as rotinas domésticas pode ajudar na insônia, como manter o horário habitual do banho ou ter petiscos perto da cama.
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
HIGIENE DO SONO
Recomendações simples e práticas, facilmente aplicáveis incluem:
- Exercícios regulares moderados ao longo do dia;
- Evitar refeições pesadas a noite;
- Diminuir cochilos durante o dia;
- Evitar cafeína e álcool;
- Manter um horário de despertar constante;
- Evitar exposição a luzes, barulho e temperaturas extremas, com mínima excitação sensorial
- Técnicas de relaxamento.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
A terapia cognitivo-comportamental é amplamente estudada com evidência científica de melhora significativa em 70 a 80% da insônia na população geral.
TERAPIAS COMPLEMENTARES
Uma grande variedade de terapias complementares tem sido usadas para tratamento da insônia, como acupuntura, hipnoterapia, aromaterapia e reflexologia.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
A escolha do medicamento para insônia deve ser sempre individualizada e na menor dose efetiva possível. A manutenção de um bom padrão de sono bom é fundamental para a qualidade de vida e bem estar.
Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia