terça-feira, 15 de setembro de 2015

Insônia


Insônia é uma sensação subjetiva de má qualidade de sono, com dificuldade em iniciar ou manter o sono e/ou sensação de sono não reparador ou não restabelecedor, mesmo em condições apropriadas para boa qualidade de sono.

A insônia não é definida com uma quantidade especifica de horas de sono. Muitas pessoas funcionam muito bem com menos de oito horas de sono por noite. Além disso, com o avançar da idade, o padrão do sono muda gradativamente seu padrão, tornando-se mais disperso, com múltiplos episódios de cochilo ao dia, ao invés de uma longa noite de sono.

É um sintoma muito comum, com prevalência de 15% em pacientes saudáveis, sendo mais comum em mulheres, idosos e naqueles com história prévia de insônia ou de comorbidades psiquiátricas.

As principais consequências são fadiga, prejuízo da qualidade de vigília, comprometimento cognitivo, distúrbios de humor, e sintomas físicos como cefaleia, diarreia e dor.  Existem hipóteses a respeito do comprometimento imune que a insônia pode causar.

DIAGNÓSTICO
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o diagnóstico de insônia requer a presença dos seguintes fatores:
  • Dificuldade em iniciar ou manter o sono, ou baixa qualidade de sono;
  • Distúrbio do sono ocorre pelo menos três vezes por semana por pelo menos um mês;
  • Comprometimento da atividades diárias em decorrência da dificuldade em dormir.

FATORES ASSOCIADOS
Múltiplos fatores podem estar associados com a insônia:
  • Transtornos Psiquiátricos: Depressão, Ansiedade ou Comprometimento Cognitivo secundário a infecções ou alterações metabólicas;
  • Sintomas Físicos: Dor, Náuseas, Febre, Soluço, Tosse, Desconforto Respiratório;
  • Efeitos Adversos de Medicações;
  • Sintomas Psicológicos como estresse emocional e alteração do ciclo sono vigília;
  • Performance funcional (indivíduos acamados 50% do dia);
  • Fatores Ambientais;
  • Doenças Associadas (Câncer, Parkinson, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Insuficiência Cardíaca)
  • Dietéticos (Cafeína, álcool).

TRATAMENTO
É essencial investigar cuidadosamente a causa da insônia e tratar causas potencialmente reversíveis de insônia, como por exemplo, dor, supressão da tosse ou tratamento de depressão. É importante lembrar que pacientes com outros sintomas além da insônia podem ser manejados com medicamentos que tenham sonolência como efeito adverso, por exemplo, no tratamento de depressão, náusea e falta de apetite. No entanto, medicamentos para  tratar insônia devem ser usados com cautela pois podem exacerbar outras condições também.

A abordagem da insônia deve sempre levar em consideração a performance clinica do paciente, e quando indicado o tratamento farmacológico, os potenciais efeitos adversos e os objetivos do tratamento devem ser cuidadosamente explicados.

MANEJO DE SINTOMAS
Tratamento impecável de sintomas associados a distúrbios do sono em cada paciente em particular, assim como retirar qualquer medicamento estimulantes que possa exacerbar a insônia.

Adequação ambiental para redução da insônia deve incluir:
  • Manter o quarto em temperatura média, bem ventilado, e com pouca luz à noite;
  • Evitar o uso de equipamentos eletrônicos à noite, como televisão ou música alta;
  • Mudanças no estilo de vida também podem ser muito úteis para regular o padrão de sono, como evitar cochilos durante o dia, grandes refeições ou excesso de líquidos no período noturno e evitar o uso de estimulantes como café antes de dormir.
Além disso, estimular o paciente a manter as rotinas domésticas pode ajudar na insônia, como manter o horário habitual do banho ou ter petiscos perto da cama.

TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
HIGIENE DO SONO
Recomendações simples e práticas, facilmente aplicáveis incluem:
  • Exercícios regulares moderados ao longo do dia;
  • Evitar refeições pesadas a noite;
  • Diminuir cochilos durante o dia;
  • Evitar cafeína e álcool;
  • Manter um horário de despertar constante;
  • Evitar exposição a luzes, barulho e temperaturas extremas, com mínima excitação sensorial
  • Técnicas de relaxamento.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
A terapia cognitivo-comportamental é amplamente estudada com evidência científica de melhora significativa em 70 a 80% da insônia na população geral.

TERAPIAS COMPLEMENTARES
Uma grande variedade de terapias complementares tem sido usadas para tratamento da insônia, como acupuntura, hipnoterapia, aromaterapia e reflexologia.
           
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
A escolha do medicamento para insônia deve ser sempre individualizada e na menor dose efetiva possível. A manutenção de um bom padrão de sono bom é fundamental para a qualidade de vida e bem estar.

Dra Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Queimaduras

Toda criança é muito curiosa, e por conta disso, pode acabar se colocando em risco e se queimando.

Queimaduras são lesões que podem ser causadas não só pelo fogo, mas também por exposição a líquidos ou superfícies quentes, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção.

Elas podem ser classificadas em primeiro, segundo ou terceiro grau, de acordo com a profundidade da lesão. Quanto mais profunda, mais grave.

Outra classificação é quanto à superfície corporal queimada; ou seja, o tamanho da queimadura. E normamente, quanto maior o tamanho da queimadura, mais grave ela é.

E por fim, há a classificação quanto à complexidade da queimadura. Existem locais atingidos que são considerados mais graves ou que têm maior complicação, como a face, o pescoço, a mão, o pé, a axila e a região genital.

Há alguns cuidados imediatos que podem ser realizados em casa, caso a criança sofra algum tipo de queimadura:
• lavar com água corrente até a dor passar;
• retirar as roupas queimadas e as que estão nas áreas da queimadura;
• hidratar a criança oferecendo líquidos para beber;
• não aplicar produtos caseiros;
• não tentar retirar substâncias grudadas, como plásticos, piche, etc.

Após os cuidados imediatos, a criança deverá ser levada prontamente ao hospital mais próximo para ser examinada, medicada para a dor, receber curativo e se for preciso, até internada ou encaminhada a um centro especializado de queimados.

A grande maioria das lesões por queimaduras pode ser tratada ambulatorialmente, não sendo necessária a internação da criança.

Mas o principal é evitar acidentes, mantendo a criança longe do fogão e de produtos químicos.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Hipertensão arterial na infância








Quando se fala em hipertensão arterial (“pressão alta”), pensamos nos adultos e principalmente nos idosos. Mas as crianças também são vítimas da doença e apenas nos últimos 25 anos o problema da hipertensão arterial recebeu a devida atenção do pediatra.
A importância da hipertensão arterial deve-se ao fato de ser um grande fator de risco para doença cardiovascular, acidente vascular cerebral (AVC) e doença renal.
A pressão arterial é determinada pela interação entre fatores genéticos e ambientais: fatores dietéticos (como sódio), estresse, sedentarismo, fumo e álcool.
Nas crianças, a pressão é considerada aumentada quando estiver acima de valores que são estipulados conforme o sexo, a idade e a estatura. Para saber se a criança apresenta hipertensão, o Pediatra deverá verificar qual é o nível pressórico adequado, através de tabelas. Só será considerado que a criança é hipertensa se houver 3 medidas alteradas, em diferentes dias.
            Na maioria das vezes, a hipertensão é silenciosa, pois os sintomas associados, como dor de cabeça, zumbidos e sangramentos nasais, são raros. Então, normalmente é descoberta com uma medida de pressão em uma consulta de rotina.
            Crianças que apresentam obesidade, história de hipertensão na família ou doença renal devem ter uma monitorização frequente de pressão arterial.
            Uma vez diagnosticada a hipertensão, deve-se verificar a sua causa através de exames; quando houver uma causa, deve-se primeiramente tratá-la. Hoje sabemos que a hipertensão arterial detectada em algumas crianças pode ser secundária, por exemplo, às doenças renais.  Para o controle da pressão há orientações dos hábitos de vida e medicamentos específicos que podem ser administrados a estas crianças.
            Quando a hipertensão for associada à obesidade, exercícios físicos, orientação da dieta e redução de peso são medidas importantes a serem tomadas.




Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra pela SBP
CRM: 104.671