A anemia é uma preocupação freqüente das mães e dos pediatras, e isto
se justifica porque quase metade das crianças com até 3 anos de idade
apresentam essa doença.
Anemia é definida
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de
hemoglobina no sangue está abaixo do normal. A hemoglobina é uma proteína muito
importante que transporta o oxigênio necessário para o funcionamento de todos
os tecidos do corpo. Esta proteína é formada principalmente pelo ferro, obtido
diariamente na alimentação.
Existem várias
causas da anemia, mas a deficiência de ferro (anemia ferropriva) é a mais comum
entre crianças e adolescentes. A falta desse nutriente pode ocorrer em algumas
situações, como em grandes perdas de sangue por traumas ou ferimentos, e pela
dieta pobre em ferro, sendo esta a causa principal.
A alimentação
inadequada, pobre em ferro, faz com que a anemia por deficiência de ferro
apareça até mesmo em crianças “gordinhas” .
Até os seis meses
de vida o aleitamento materno exclusivo supre as necessidades de ferro da
criança, não necessitando de qualquer forma de complementação e nem de
introdução de alimentos sólidos. No entanto, crianças que tomam leite de vaca
têm maior risco de ter anemia; isto porque o leite de vaca tem menor quantidade
e menor absorção de ferro do que o leite materno. Portanto, nunca substitua o
leite materno pelo leite da vaca, a não ser que haja recomendação médica, em
casos específicos.
A atenção deve ser
redobrada com os prematuros e os bebês que apresentaram baixo peso ao nascer.
Por terem seu crescimento muito rápido, a necessidade de ferro é maior e a
possibilidade de complementação desse mineral é grande.
Crianças de 6 meses
a 2 anos, época em que o crescimento e o desenvolvimento são acelerados,
necessitam de ferro em maior quantidade. Além disto, a introdução de alimentos
deficientes em ferro pode contribuir para o aparecimento da doença.
Depois dos 2 anos,
a taxa de anemia diminui, voltando a subir na adolescência em conseqüência do
novo pico de crescimento e da alimentação inadequada (fast-foods e alimentos
industrializados).
O sintoma mais
comum da anemia é a palidez nas mucosas, principalmente na parte interna das
pálpebras e lábios, e nas palmas das mãos. Outros sintomas são a fadiga, fraqueza,
falta de apetite, cansaço fácil ao se exercitar, sensação de tonteira, desmaio,
falta de ar e desatenção na escola. A anemia também prejudica o desenvolvimento
físico, motor, psicológico e de linguagem.
Se os pais
desconfiarem de que seu filho esteja com anemia, devem levá-lo ao pediatra, que
irá fazer o exame físico e perguntará sobre os hábitos alimentares, condições
de nascimento, doenças familiares, etc. Então, caso haja necessidade, pedirá um
exame de sangue para diagnosticar a doença. Se a anemia por deficiência de
ferro for comprovada, o tratamento com medicação oral à base deste mineral
deverá ser iniciado.
A melhor forma de
prevenção da anemia é o cuidado com a alimentação das crianças. Os alimentos
ricos em ferro são: a carne de vaca, frango e peixe, gema do ovo, feijão, soja,
lentilha, ervilha, espinafre, brócolis, couve e verduras com folhagem mais
escura.
A absorção de ferro
é aumentada quando ingerido com frutas cítricas (laranja, acerola, limão). Cuidado
com alguns tipos de alimentos que, ao contrário, inibem a absorção de ferro,
como o leite de vaca em excesso e o chá preto.
Embora menos
comuns, a anemia pode ter outras causas. Deficiência na produção de glóbulos
vermelhos, doenças crônicas, doenças renais, leucemia, doenças hereditárias
(ex: talassemia e a anemia falciforme), verminoses e deficiência de vitamina
B12 são outras possibilidades a serem investigadas.
Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM : 104.671