terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Distúrbio do sono na infância

Muitos pais se queixam que seus filhos não dormem à noite, ou acordam muitas vezes.
A insônia na infância pode ocorrer por alguma alteração física, mas nestes casos é transitória.
No caso de bebês, as causas mais comuns para isto são a cólica, o refluxo, as infecções de ouvido e as gripes e resfriados.
Mas o mais comum, principalmente nas crianças um pouco maiores, é a insônia de causa comportamental, ou seja, insônia por  associação para iniciar o sono e/ou insônia por dificuldades de imposição de limites.
É importante que os pais relatem ao Pediatra, questões como: horário de dormir e acordar da criança e da família, rotinas para dormir (TV, música, historinhas), presença de roncos, sonecas durante o dia e grandes mudanças na vida da criança (troca de escola, nascimento de irmão).
No caso de crianças entre 6 meses e 3 anos, é comum a associação do sono com alguma condição, como bichos de pelúcia, paninhos, mamadeira, mexer no cabelo da mãe. Quando esta condição está presente, a criança dorme rapidamente, mas quando não, ela desperta diversas vezes. Algumas vezes é preciso então intervir nesta rotina para conseguir a melhora do sono.
A falta de limites também é responsável por distúrbios do sono. Estas crianças normalmente não tem horário para dormir, assistem TV pelo tempo que desejam, permanecem no quarto dos pais, recusam-se ou demoram para ir para a cama, usando de artifícios, como a sede, a fome,a vontade de ir ao banheiro.
As consequências da insônia em crianças são alteração de comportamento e humor, além da dificuldade de aprendizado pela privação do sono.
A chamada psicologia comportamental é fundamental para contornar o problema da insônia e dos despertares noturnos.
O primeiro passo para melhorar o sono é corrigir os hábitos inadequados, como horários irregulares de dormir, uso de TV e brincadeiras antes de dormir.
A utilização de um ritual 30 minutos antes de ir para a cama e uma rotina fixa, auxiliam bastante: banho morno, massagem, cantigas e histórias calmas.
O uso de medicação é sempre a última opção e usado somente em casos específicos.
Por fim, um gostoso beijo de boa noite, é o encerramento perfeito para o dia dos pequenos.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM:104.671

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Enurese noturna - o "xixi na cama"


O ato de uma criança sadia e fora da idade normal urinar de forma involuntária durante o sono, pelo menos duas vezes por semana, é chamado de enurese noturna.

A enurese noturna é mais frequente em meninos do que em meninas.

Considera-se que a partir dos cinco anos de idade, a maioria das crianças saudáveis já adquiriu o controle da micção. No mundo todo, cerca de 15% das crianças de cinco anos de idade apresentam perdas noturnas de urina.

Na maioria dos casos, a criança nunca teve um longo período sem urinar na cama, não apresenta nenhuma alteração urinária durante o dia e tem história de que o pai e/ou a mãe faziam xixi na cama quando eram crianças.

A enurese noturna é considerada um sintoma, e não uma doença, que está associada a três fatores:

  • diminuição da capacidade da bexiga durante à noite, devido a um atraso na maturidade neurológica;
  • incapacidade da criança em acordar para esvaziar a bexiga. Isto pode ocorrer por fatores hereditários, psicológicos (como separação/ brigas dos pais, nascimento de um irmão), ou doenças (infecções urinárias, doenças neurológicas e até obstipação intestinal).

O diagnóstico da enurese noturna é feito basicamente pela história que a família conta ao pediatra. Depois, este deverá pedir um exame de urina para descartar possíveis doenças. Uma Ultra-sonografia do trato urinário também é recomendável.

Para decidir em relação ao tratamento, deve-se considerar que:

  • nem todos os pais consideram necessário o tratamento, apenas querem excluir a possibilidade de uma doença. E nem todas as crianças estão preocupadas com o problema, ou estão amadurecidas o suficiente para iniciar o tratamento;
  • todos devem saber que a criança não é responsável pelas perdas urinárias, e portanto, não deve ser punida;
  • recomenda-se a colaboração dos pais e do paciente para iniciar o tratamento;
  • os pais e o paciente devem ser informados que a resolução ocorre espontaneamente como tempo, mas que o tratamento provavelmente acelerará a cura; também que podem ocorrer algumas “escapadas”;
  • não existe idade ideal para iniciar o tratamento; a maioria dos estudos, recomenda o início após os 7 anos de idade, quando o problema começa a interferir nas atividades sociais da criança.

As opções de tratamento são:

  • Terapia comportamental: normalmente é a primeira escolha. As técnicas empregadas são: premiação das noites “secas”, associadas à diminuição de ingesta de líquidos após o jantar, orientação para que a criança faça xixi a cada 3 horas pela manhã e antes de deitar. O hábito de acordar a criança durante a noite para ir ao banheiro é mais uma conduta prática para os pais, à curto prazo, do que uma forma de resolver em definitivo a enurese.
  • Alarme noturno: é fixado ao pijama, sendo ativado quando a criança começa a urinar. Isto serve para que a criança aprenda a acordar logo que sentir vontade e possa ter tempo de ir ao banheiro.
  • Terapia medicamentosa: há remédios que podem ser usados caso não haja sucesso com as outras técnicas.

E com tudo, o mais importante: muita paciência e carinho!

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cinto de Segurança e Gestantes

O uso do cinto de segurança é recomendado para a gestante quando motorista ou passageira, além de ser obrigatório por lei. Mas muitas mulheres grávidas não o usam por não conhecerem a forma correta de utilizá-lo, por desconforto ou por pensarem que o cinto pode ser perigoso para o bebê. Porém, na realidade, o seu uso oferece proteção na imensa maioria das ocasiões.

A correta utilização deste dispositivo deve ser estimulado e orientado pelos profissionais de saúde e pelos especialistas em Medicina de Tráfego.

Durante a gravidez, os acidentes de trânsito são a causa mais frequente de mecanismo de trauma e de hospitalização, além da principal causa de morte do feto relacionada a trauma materno.

Ferimentos graves, traumas abdominais intensos e hemorragia provocados pelos acidentes de trânsito podem ocasionar morte do feto, mas o principal risco para o feto é que a morte materna.

Os eventos adversos que são mais frequentes em gestantes que não usam o cinto de segurança são: morte fetal, baixo peso ao nascimento devido a ferimentos maternos, prematuridade, descolamento prematuro de placenta, hemorragias no parto e rotura do útero.

Através de estudos, concluiu-se que o cinto de segurança de três pontos confere proteção superior para a mãe e para o feto quando comparado ao simples (abdominal).

O posicionamento do cinto que proporciona maior segurança é:

  • faixa abdominal posicionada o mais abaixo possível do abdome, ao longo dos quadris, na parte superior das coxas;
  • faixa diagonal posicionada lateralmente ao útero, entre as mamas, devendo cruzar o meio do ombro. 

Os benefícios do uso do airbag na gravidez superam os riscos, desde que a gestante utilize corretamente o cinto de segurança, afastando o banco para trás o máximo possível.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

sábado, 1 de novembro de 2014

Pneumonias


A maioria das crianças tem cerca de 5 infecções respiratórias agudas por ano, como gripe, resfriado, laringite e pneumonia. E isto é considerado normal, principalmente em áreas urbanas.

Existem diversos fatores de risco para pneumonia. Alguns são:

  • desnutrição
  • baixa idade (principalmente menores de 1 ano)
  • doenças associadas ( cardiopatia, diabetes, anemia falciforme)
  • baixo peso ao nascer
  • permanência em creche
  • ausência de aleitamento materno
  • vacinação incompleta

Existem sinais que orientam a necessidade de procura imediata pelo hospital, chamados de “sinais de perigo” pela OMS (Organização Mundial de Saúde):

  • menores de 2 meses: frequência respiratória maior que 60 movimentos por minuto, febre alta, recusa alimentar, sonolência ou irritabilidade anormal.
  • maiores de 2 meses: recusa em ingerir líquidos, convulsão, falta de ar ou dificuldade em respirar.

A causa mais comum de pneumonias na infância é a infecciosa, ou seja, por vírus e bactéria, e mais raramente por fungos.

Os principais sinais e sintomas são tosse, febre e cansaço.

Na suspeita de pneumonia, a radiografia de tórax é feita para auxiliar o diagnóstico.

O tratamento dependerá da causa, e normalmente é feito com antibiótico específico, de acordo com a faixa etária.

A prevenção de pneumonias pelas principais bactérias pode ser feita por meio de vacinação. A vacina não impede que haja doença, mas diminui a chance dela ocorrer e diminui a incidência das formas graves.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Hepatite A

A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo vírus da hepatite A e também conhecida como “hepatite infecciosa”.

Sua transmissão é oral-fecal, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. E esta transmissão pode ocorrer desde antes do início dos sintomas (cerca de 10 dias) até 2 semanas do quadro da doença.

A clínica é bastante variável, podendo não apresenta sintomas em grande parte dos casos ou ser semelhante a um quadro gripal.

Quando há sintomas, inicialmente o paciente apresenta mal-estar, febre baixa, inapetência, fadiga, dor em articulação, náuseas/vômitos e desconforto abdominal.

Posteriormente pode ocorrer urina escura, fezes claras, pele e olhos amarelados (icterícia); este período costuma durar cerca de 4 a 6 semanas. Quanto maior a idade do paciente, mais intensos costumam ser os sintomas. Em crianças menores de 6 anos, os quadros com icterícia ocorrem em cerca de 5 a 10% dos pacientes; já em adultos, podem chegar a 70% dos pacientes.

Raramente ocorrem casos graves, chamados de fulminantes, pois causam uma lesão importante no fígado, levando à sua falência.

O diagnóstico da doença é realizado por exame de sangue, no qual se procura por anticorpos contra o vírus da doença.

Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno e não há tratamento específico. Recomenda-se repouso e sintomáticos; medicamentos não devem ser usados sem prescrição médica para não agravar o dano ao fígado.

No caso das crianças, recomenda-se que sejam afastadas da escola/creche por duas semanas.

A melhor forma de se evitar a doença é melhorando as condições de higiene e de saneamento básico, como por exemplo:

  • Lavar as mãos após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de comer ou preparar alimentos;
  • Lavar bem, com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e carne de porco;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • Não tomar banho ou brincar perto de riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios, para não comprometer o lençol d'água que alimenta o poço. Deve-se respeitar, por medidas de segurança, a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo seca e de 45 metros, para os demais focos de contaminação, como chiqueiros, estábulos, valões de esgoto, galerias de infiltração e outros;
  • Caso haja algum doente com hepatite A em casa, utilizar hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária ao lavar o banheiro;

Atualmente, o Sistema Único de Saúde disponibiliza uma vacina específica contra o vírus causador da hepatite A, a partir de 1 ano de idade (até 1 ano e 11 meses), sendo 2 doses, com intervalo de 6 meses.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Infecção Urinária

A infecção urinária é uma das doenças mais comuns na infância, sendo mais frequente nos primeiros anos de vida. A denominação é caracterizada por infecção bacteriana em qualquer parte do aparelho urinário, sendo mais comum em meninas do que em meninos.

Em bebês o diagnóstico é mais difícil, por não haver queixa. Os sintomas principais são febre e recusa às mamadas; pode haver também vômitos e alterações na urina.

Já em crianças maiores há relato de dor ao urinar (disúria), dor abdominal  e odor fétido na urina, além da febre em alguns casos.

Caso a infecção seja severa e acometa o rim (pielonefrite), haverá dor nas costas, febre e calafrios.
A realização de ultra-sonografia no pré-natal é muito importante para o diagnóstico precoce de alterações do trato urinário; desta forma poderá haver prevenção de infecções urinárias nos recém-nascidos, evitando assim, lesões renais.

A doença é confirmada com exame de urina.

A urina deve ser colhida após limpeza local, para que não haja contaminação. Nos bebês normalmente usa-se um saco coletor; mas se necessário, existem outras formas de coleta.

No caso de infecção na criança, há dois pontos importantes:

  • o tratamento: feito à base de antibióticos, normalmente por via oral. Nos casos mais graves, ou em recém-nascidos, é indicado antibiótico endovenoso. Para alívio dos sintomas pode-se usar analgésicos.
  • o estudo do trato urinário: caso haja alteração do trato urinário, há uma maior predisposição à infecção. Neste caso, utiliza-se antibioticoterapia profilática, ou seja, usa-se antibiótico por tempo prolongado para prevenir novas infecções até que seja investigado se há alterações, e se houver, até que haja correção cirúrgica. Esta investigação pode ser feita por exames, como ultra-sonografia e exames radiológicos.

Dra.Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra
CRM: 104.671

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Desenvolvimento da Criança e a Família

A família é o primeiro e mais importante espaço onde se inicia o cuidado com as crianças. E o médico tem um papel importante no apoio à família, para que os pais entendam estes cuidados.

Algumas práticas familiares recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são importantes para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança, como por exemplo:
  • amamentação com leite materno exclusivo até os 6 meses de idade, mantendo-o após juntamente com alimentos saudáveis até os 2 anos de idade;
  • uso de vitamina A e ferro em quantidade necessária;
  • estimulação da criança por meio de conversa, jogos e atividades físicas apropriados à idade;
  • afeto e atenção para o desenvolvimento emocional da criança. O cuidado afetuoso é melhor do que críticas e punições constantes;
  • aplicação na data correta de todas as vacinas pertencentes ao calendário;
  • higiene adequada;
  • tratamento de doenças, administrando corretamente as medicações receitadas e seguindo as orientações médicas;
  • precauções para evitar acidentes domésticos;
  • realizar pré-natal corretamente.

O amor, as brincadeiras e a linguagem são os três “alimentos” mais importantes para o crescimento da mente. A criança que se sente amada, desenvolve segurança, confiança e capacidade de se relacionar bem consigo e com as outras pessoas.

Dra. Fernanda Formagio de Godoy Miguel
Pediatra

CRM: 104.671