Varizes são veias
dilatadas, tortuosas e de calibre aumentado, que podem aparecer em diversas
regiões do corpo. O mais comum é ocorrerem nos membros inferiores. Muito mais
do que um problema estético, na verdade, elas indicam que algo não vai bem na
circulação do sangue venoso pelo organismo.
Em sentido
contrário ao da gravidade, as veias das pernas são responsáveis por levar o
sangue que circulou pelo corpo de volta para o coração e dali para os pulmões, onde se dá a troca de gás carbônico
por oxigênio. Para que possam exercer essa função, dentro delas existem
pequenas válvulas que regulam o direcionamento do fluxo sanguíneo. Elas abrem
para o sangue subir e fecham para impedir que desça, quando a pessoa fica em
pé.
Sob determinadas
condições, porém, essas válvulas se desgastam. Como não fecham mais direito,
deixam escapar parte do sangue que deveria voltar para o coração. Desta maneira
a pressão nas veias das pernas aumenta e elas dilatam e deformam por causa do
sangue acumulado dentro delas.
Varizes constituem um
problema crônico, que pode surgir em qualquer idade.
Fatores de risco que não podem ser mudados
Não temos como
interferir em algumas condições que favorecem o aparecimento de varizes:
1.
Predisposição genética – pessoas com
história familiar da doença devem preocupar-se com a prevenção dos problemas
circulatórios desse cedo e adotar medidas que ajudem, pelo menos, a retardar o
processo;
2.
Idade – à medida que as pessoas
envelhecem, as veias vão perdendo a elasticidade e o sistema de válvulas
enfraquece, o que dificulta o retorno do sangue venoso para o coração e os
pulmões e favorece o aparecimento das deformações características das varizes;
3.
Sexo – as mulheres estão mais
sujeitas a desenvolver varizes. Alterações hormonais durante a gravidez,
menstruação e menopausa, assim como o uso de pílulas anticoncepcionais e a
reposição hormonal são fatores de risco, porque os hormônios femininos,
estrogênio e progesterona, agem sobre a parede dos vasos, diminuem sua
resistência e comprometem o funcionamento das válvulas que regulam a passagem
do sangue.
Fatores de risco que podem ser mudados
1.
Sedentarismo – a atividade física é
fundamental na prevenção e tratamento das varizes. Praticar exercícios estimula
o sistema circulatório como um todo e facilita o retorno do sangue para o
coração;
2.
Imobilidade – quando, por exigência
profissional ou nas viagens longas, por exemplo, a pessoa é obrigada a
permanecer sentada ou em pé por muito tempo, na mesma posição, qualquer
exercício que facilite a contração e relaxamento da panturrilha ajuda a bombear
o sangue de volta para o coração. Um exemplo é a flexão dorsal do pé, que
consiste em erguer os dedos dos pés, aproximando-os o mais possível da face
anterior do tornozelo. O outro é tentar sempre caminhar alguns passos para
estimular a musculatura da batata das pernas. Meias elásticas, desde que
possuam a compressão adequada para o tipo de perna, também favorecem o
bombeamento de sangue para o coração e colaboram para sua circulação no
interior das veias;
3.
Obesidade – o sobrepeso e as
complicações associadas (pressão alta e diabetes são duas delas) representam
sobrecarga para o sistema circulatório e aumentam o risco de desenvolver
varizes, uma vez que a gordura acumulada no abdômen faz subir a pressão sobre
os vasos e dificulta o fluxo normal do sangue, que vai criando bolsões nas
veias das pernas. Alimentação equilibrada e a prática regular
de exercícios físicos são medidas fundamentais para diminuir o risco que o
excesso de peso representa;
4.
Tabagismo – as substâncias que
entram na composição do cigarro deixam o sangue mais viscoso, o que dificulta a
circulação e favorece seu acúmulo nas veias das pernas. Largar o cigarro é uma
medida de que não só as pernas, mas todo o organismo se beneficia;
5.
Salto alto – é um tema
controverso. Alguns estudiosos do assunto garantem que não oferecem risco
maior. O fato é que o uso rotineiro de saltos muito altos e finos pode
manter a musculatura da perna por muito tempo contraída, obstáculo que torna
mais difícil o retorno do sangue venoso e permite que parte dele fique retida
nas veias das pernas e dos pés.
Prevenir o aparecimento de varizes exige mudanças
permanentes no estilo de vida. O fato de já ter retirado uma veia doente não
impede que as lesões apareçam em outra veia dos membros inferiores. Portanto, a
recomendação é não desconsiderar os primeiros sinais da doença.
Dra
Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra pela Sociedade
Brasileira de Geriatria de Gerontologia