Novembro é considerado
o mês de conscientização e prevenção do câncer de próstata -
mundialmente conhecido como "Movember", sendo o bigode o símbolo
adotado para as campanhas em todo o mundo. Essa simbologia surgiu da combinação
em inglês das palavras Moustache (Bigode) e November (Novembro).
O câncer
de próstata
A próstata é uma glândula que só o homem
possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão muito
pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do
reto. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina
armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do sêmen, líquido
espesso que contém os espermatozóides, liberado durante o ato sexual.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo
mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em
valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em
homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência
é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países
em desenvolvimento.
Mais do que qualquer outro tipo, é
considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos
no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de
incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos
métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de
informação do país e pelo aumento na expectativa de vida.
Alguns desses tumores podem crescer de
forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A
grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para
atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a
saúde do homem.
Prevenção
Já está comprovado que uma dieta rica em
frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura,
principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco de câncer, como
também de outras doenças crônicas não-transmissíveis. Nesse sentido, outros
hábitos saudáveis também são recomendados, como fazer, no mínimo, 30 minutos
diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o
consumo de álcool e não fumar.
A idade é um fator de risco importante para o câncer de próstata, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.
Pai ou irmão com câncer de próstata antes
dos 60 anos pode aumentar o risco de se ter a doença de 3 a 10 vezes comparado
à população em geral, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários)
quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.
Detecção
Precoce
De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a detecção precoce de um câncer
compreende duas diferentes estratégias: uma destinada ao diagnóstico em pessoas
que apresentam sinais iniciais da doença (diagnóstico precoce) e outra voltada
para pessoas sem nenhum sintoma e aparentemente saudáveis (rastreamento). A
decisão do uso do rastreamento do câncer de próstata por meio da realização de
exames de rotina (geralmente toque retal e dosagem de PSA) em homens sem sinais
e sintomas sugestivos de câncer de próstata, como estratégia de saúde pública,
deve se basear em evidências científicas de qualidade sobre possíveis
benefícios e danos associados a essa intervenção. Por existirem evidências
científicas de boa qualidade de que o rastreamento do câncer de próstata produz
mais dano do que benefício, o Instituto Nacional de Câncer mantém a
recomendação de que não se organizem programas de rastreamento para o câncer da
próstata e que homens que demandam espontaneamente a realização de exames de
rastreamento sejam informados por seus médicos sobre os riscos e provável
ausência de benefícios associados a esta prática.
Sintomas
Em sua
fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes
não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do
crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar
mais vezes durante o dia ou a noite). Na fase avançada, pode provocar dor
óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou
insuficiência renal.
Diagnóstico
Achados
no exame clínico (toque retal) combinados com o resultado da dosagem do
antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês) no sangue podem
sugerir a existência da doença. Nesses casos, é indicada a ultrassonografia
pélvica (ou prostática transretal, se disponível). O resultado da
ultrassonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de biópsia
prostática transretal. O diagnóstico de certeza do câncer é feito pelo estudo
histopatológico do tecido obtido pela biópsia da próstata. O relatório
anatomopatológico deve fornecer a graduação histológica do sistema de Gleason,
cujo objetivo é informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua
tendência à disseminação, além de ajudar na determinação do melhor tratamento
para o paciente
Tratamento
Para doença localizada, cirurgia,
radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais)
podem ser oferecidos. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia
em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Para doença
metastática (quando o tumor original já se espalhou para outras partes do
corpo), o tratamento de eleição é a terapia hormonal.
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após discutir os riscos e benefícios do tratamento com o seu médico.
Dra
Flávia Renata Topciu – CRM 121.925
Geriatra
pela Sociedade Brasileira de Geriatria de Gerontologia